Dívida pública deve bater novo recorde
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, admitiu há pouco que a dívida líquida do setor público em relação ao PIB deverá piorar em junho, alcançando o nível de 58%. Segundo o técnico do BC, isso acontecerá, principalmente, por causa da desvalorização do real frente ao dólar este mês, que até ontem está acumulada em 13%. No mês de maio, a dívida já atingiu 56% do PIB e, segundo Lopes, já é o nível mais alto da História. Esse crescimento foi influenciado pela desvalorização cambial de 6,8% ocorrida em maio.
– É um percentual alto sem dúvida, mas a dívida varia em função do câmbio e dos juros. Por isso, devemos esperar uma elevação de mais dois pontos percentuais na relação da dívida pública com o PIB em junho – afirmou o técnico.
Com relação ao menor superávit primário deste ano registrado pelo setor público consolidado em maio (R$ 2,978 bilhões), Altamir Lopes disse que esse resultado está perfeitamente dentro das expectativas do governo, já que no mês passado, sazonalmente, há queda de receitas federais.
Quanto ao resultado negativo apresentado pelas empresas estatais, Altamir afirmou que isso aconteceu em razão da distribuição de dividendos por parte dessas empresas. Somente a Petrobras, disse ele, distribuiu R$ 2,2 bilhões em dividendos.
– Estamos certos que as metas de superávit serão cumpridas. Para junho, o acertado com o FMI é um superávit primário acumulado de R$ 25 bilhões e já estamos em R$ 23,5 bilhões. Faltará apenas cerca de R$ 1,5 bilhão em junho, que é perfeitamente factível – disse o técnico.
O setor público consolidado (governo central, estados, municípios e empresas estatais) registrou um superávit primário (receitas menos despesas, sem contar pagamento com juros) de R$ 2,978 bilhões em maio, segundo os dados divulgados pelo Banco Central. Em abril, o resultado foi bem maior: R$ 8,973 bilhões.
A dívida líquida alcançou a marca de R$ 708,4 bilhões no mês passado, o que corresponde a 56% do Produto Interno Bruto (PIB). Houve um crescimento de R$ 20,6 bilhões na dívida líquida por causa do impacto da desvalorização cambial de 6,8% verificada no mês de maio. Parte do crescimento da dívida, R$ 8,9 bilhões, é creditada ao impacto da variação cambial na dívidaexterna. Outra parte da elevação da dívida, R$ 11,7 bilhões, correspondeu à parte da dívida em títulos públicos atrelados ao dólar.
Em abril, a dívida estava em R$ 684,6 bilhões (54,6% do PIB). Os juros da dívida pagos pelo setor público em maio somaram R$ 8,814 bilhões, contra quase metade no mesmo mês do ano passado, ou R$ 4,857 bilhões.
No mês passado, o governo central contribuiu com um superávit de R$ 1,848 bilhão e os governos regionais, de R$ 1,348 bilhão, enquanto as empresas estatais registraram um déficit de R$ 218 milhões.
Nos cinco primeiro meses deste ano, o setor público consolidado acumula um superávit primário de R$ 23,498 bilhões, contra R$ 26,965 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Isabel Sobral