Um dos principais erros do empresário que pensa em importar está relacionado ao custo de internalização das mercadorias ” ou seja, calcular o quanto custa trazer o item para o país.
“O empresário pode achar que o produto tem um preço bom lá fora, mas esquece de calcular impostos que incidem sobre a mercadoria, frete e seguro”, disse Rose Estácio, consultora em comércio exterior do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae/SP).
Ao calcular o custo de internalização o empresário descobrirá se vale a pena importar a matéria-prima, se o produto será competitivo no mercado interno. “E para descobrir isso, além do cálculo de internalização, ainda têm que ser feitos os cálculos dentro da empresa, para vender ao mercado interno”, disse Rose. Ou seja, há outros impostos incidentes no País para comercializar internamente e os custos para fabricar o produto com aquela matéria-prima.
Ao preço, o importador terá que somar a contratação de uma transportadora internacional (US$ 100) e o seguro internacional para trazer a mercadoria (US$ 10). Os valores são aproximados, depende do tipo de produto, empresa, além de outros requisitos.
Depois dessa etapa, o importador chegará ao preço CIF da mercadoria: US$ 1.110,00.
A partir daí é que o empresário deverá começar a fazer os cálculos de incidência de impostos de importação, de produtos industrializados e de circulação de mercadorias (II, IPI e ICMS).
“O problema é que os impostos incidem em cascata sobre o preço CIF. É um absurdo pagar imposto em cima de frete. Nenhum país faz isso”, critica Rose.
Supondo que o II deste determinado produto seja 10% (no Brasil, a alíquota mais alta de imposto de importação atinge 35%), o custo para trazer o produto chegará aos US$ 1.220,00 (subtotal 1).
O IPI incidirá sobre esse último valor. Novamente considerando que a alíquota deste tributo seja equivalente a 10%, o valor subirá para US$ 1.342,00 (subtotal 2). O cálculo incluindo o ICMS é um diferente. O empresário dividirá o subtotal por 0.82 e multiplicará por 18% (alíquota para o Estado de São Paulo).
O custo para trazer a mercadoria, incluindo frete, seguro e impostos totalizará US$ 1.695,00, 69,5% a mais sobre o valor no porto do exportador. “Ainda há taxas de armazenagem, despesas portuárias e bancárias, emissões de guia e licença de importações, serviços de despachantes, que não incluímos”, disse Rose. Somando estas últimas, o importador acrescentaria entre 7% a 10% sobre o valor FOB.
O empresário deve tomar cuidado ao pensar em importar matérias-primas ou produtos para revenda. O custo final é muito superior ao do preço de compra no exterior ” a elevação pode ser de cerca de 70%.
Esse custo nem sempre é levado em conta pelo importador, que na maioria das vezes deixa de calcular os gastos com transporte e seguro, no exterior, e com vários impostos, dentro do País.
Érica Polo
