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Crise freia expansão de redes

Guarulhos, 20 de maio de 2009

Ao contrário do que ocorreu no ano passado, quando as redes supermercadistas foram às compras, a expansão por meio de aquisições, fusões e novas lojas está no último item (de 16 analisados) considerado estratégico para 2009. No topo da lista estão redução de custos e diminuição das perdas de produtos. As informações fazem parte da pesquisa Retratos do Varejo 2009, da Associação Paulista de Supermercados (Apas).

“A situação econômica mundial e nacional faz com que os varejistas se preocupem nesse momento em reduzir custos e otimizar processos, pisando no freio das expansões”, afirmou Martinho Paiva, vice-presidente de Comunicação da Apas.

Essa é uma das poucas mudanças apontadas pelos supermercadistas como forma de enfrentar possíveis impactos da crise financeira. Afinal, o setor é um dos poucos que não teve retração desde setembro, quando a crise se agravou. Ao contrário. De acordo com Paiva, o segmento cresceu no primeiro trimestre do ano, resultado que deve se repetir ao longo de 2009, quando deverá registrar expansão de 2,5% sobre o ano passado. Segundo a pesquisa, 34% dos entrevistados assumiram que poderão efetuar cortes de funcionários se a crise se agravar. Apenas 7% disseram que, nesse caso, cortarão benefícios dos funcionários e 15% adotarão redução de salário.

Do ponto de vista macroeconômico, a principal preocupação do setor continua sendo a alta carga tributária, especialmente no Estado de São Paulo por conta da substituição tributária. “O setor, entretanto, continua esperançoso de que seja agraciado com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que já atingiu outros setores, mas ainda não chegou à mesa dos consumidores”, disse Paiva.

Quanto à concorrência, a maior preocupação do setor passou a ser as lojas atacadistas que vendem direto ao consumidor. No ano passado, esse item ocupava o quarto lugar no ranking referente à concorrência. A guerra de preços passou para o segundo lugar.

Consumidor – O preço também deixou de ser o fator decisório na hora da escolha da loja. Antes disso, vieram variedade de produtos (44%), qualidade de produtos (43%) e, só então, menor preço, desde que a loja seja perto de casa ou do trabalho (33%). Outros 32% disseram, contudo, que não se importam de buscar o menor preço longe de casa.

Um fato que chamou atenção na pesquisa é que, ao contrário do que ocorreu nos últimos anos, a alimentação dentro do lar voltou a apresentar um ligeiro incremento depois de quedas sucessivas. Em 2008, os gastos foram de 18,6%, ante 18% em 2007, sobre o total do orçamento familiar. “Acredito que essa alteração foi mais reflexo da crise do que uma tendência, pois com a melhora da renda, as pessoas passaram a consumir mais fora de casa, até como uma opção de lazer. Tão logo fiquem confiantes com a manutenção do próprio emprego, voltaram a comer fora de casa”, disse João Sanzovo Neto, presidente da Apas. Para ele, os consumidores, especialmente os de rendas mais baixas, alcançaram um patamar de consumo que não pretendem abandonar.