Crise do mercado já contagia economia real
A queda na produção foi maior do que a previsão pessimista. E foi geral: quase todos os setores tiveram queda. Em maio, só a agricultura e a produção de petróleo puxaram a economia para cima. O resto foi um desastre.
A queda em relação a abril já era esperada, porque abril teve um número alto de produção. Pela primeira vez em muitos anos, a Semana Santa foi em março. Abril teve mais dias trabalhados.
Mas não se esperava uma queda de 5,1%, a pior em sete anos. A queda em relação a maio do ano passado é menor: 0,9%. Uma das razões da queda é que o nervosismo do mercado financeiro está chegando à economia real.
O contágio se dá assim: o empresário vê esse ambiente de crise e decide adiar o investimento e a contratação, e reduzir a produção com medo de ficar com estoque. O consumidor, com medo de perder emprego ou de dias piores, adia as compras. Aí o país investe menos, produz menos e consome menos.
Há uma esperança de números melhores a partir de junho. É que, em junho do ano passado, começou o racionamento. A comparação dará números positivos, mesmo que seja por uma razão estatística.
Míriam Leitão