Crescem números de celulares clonados
O avanço do setor de telecomunicações no Brasil e, principalmente, o acesso maior ao telefone celular não livraram as empresas e os consumidores da clonagem realizada por bandidos, já que a pratica é considerada criminosa.
Profissionais da área e fontes das próprias empresas contam, desde que seus nomes sejam preservados, que o prejuízo das duas principais operadoras do estado de São Paulo ” Telesp Celular e BCP ” com este tipo de fraude foi de, pelo menos, R$ 11 milhões no último trimestre. Se o número for tomado como média, tem-se uma perda de R$ 44 milhões por ano das empresas. Por dia, seriam R$ 120,5 mil, sem contar toda a dor de cabeça das operadoras e, principalmente, dos donos dos celulares clonados.
Os fraudadores agem principalmente em áreas próximas a aeroportos. “O número de aparelhos que são ligados na hora do desembarque é grande, o que facilita a ação dos fraudadores, que usam aparelhos que captam os códigos do celular no momento em que ele está se registrando na operadora”, afirma o gerente do departamento anti-fraude da Associação Brasileira de Roaming (ABR), Erico Curti.
Ele explica que estão sujeitos à clonagem aparelhos analógicos e digitais com tecnologia TDMA e CDMA. “Os novos celulares, com tecnologia GSM, pelo menos por enquanto estão livres da fraude, justamente pelo avanço técnico deste sistema”, acrescenta Curti.
As operadoras de celulares não dão entrevistas sobre perdas com aparelhos clonados ou muito menos sobre providências que têm adotado para combater a fraude.
Extraoficialmente, informam que hoje existe uma guerra das empresas contra os fraudadores. Com táticas sofisticadas que chegam a monitorar diariamente o uso dos aparelhos e até com análises do perfil do cliente. Com base neste levantamento, que inclui contas e a freqüência de ligações para determinados locais ” especialmente para outros países ” a operadora informa o cliente quando percebe algo anormal no uso do celular.
A clonagem é bastante comum, diz o delegado Manuel Camassa, titular da Delegacia de Estelionato da Capital. “As empresas não têm interesse em divulgar esses dados sob a alegação de que poderia gerar pânico entre os usuários.” Até mesmo a Internet pode estar sendo usada pelos fraudadores. Levantamento feito pelo Diário mostra que a rede tem material farto produzido por hackers, que ensinam passo a passo como clonar um celular. O golpe surpreende até a polícia. “Clonagem de celular na internet, para mim, é novidade”, diz Camassa. Além de ensinar como clonar, os sites ensinam como usar linhas telefônicas fixas de outras pessoas ou como fazer ligações interurbanas sem pagar.
Luis Alfredo Dolci