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Crédito compensa perda nos fundos

Guarulhos, 14 de novembro de 2002

arteOs investidores que tiveram perdas com os ajustes nos fundos de investimento podem ter créditos a receber – embora não tenham sido informados pelos bancos. Pela legislação, quando a aplicação no fundo dá prejuízo, essa perda é compensada com o abatimento do que é pago de Imposto de Renda na aplicação.

As perdas podem ser significativas: pelos números da Anbid (Associação dos Bancos de Investimento), por exemplo, os fundos de ações indexados ao índice da Bolsa de Valores perderam 4,05% este mês até dia 7, e os cambiais tiveram recuo de 0,8% no período. No ano, as perdas nos fundos acumulam R$ 63,8 bilhões.

O direito ao crédito passou a chamar a atenção depois da mudança das regras dos fundos, no final de maio (e revertidas parcialmente poucos meses depois). Com as alterações, começaram a aparecer prejuízos, até então raros no setor.

A compensação da perda

Quando investe em um fundo, o aplicador paga 20% de Imposto de Renda sobre o rendimento. Se há um resultado negativo, no entanto, a perda é compensada.

“Essa regra vale há sete anos, mas a maioria das instituições só se lembrou dela depois das novas normas para os fundos”, afirma o advogado Tadeu Navarro.

Ele explica que um fundo de investimento pode ter perda de R$ 5 mil em um mês e, no período seguinte, ganho de R$ 20 mil. Neste segundo mês, vai pagar 20% de Imposto de Renda sobre R$ 15 mil.

“O crédito fiscal vai para a instituição financeira, e o correto é repassá-lo para o correntista”, afirma Navarro. “No entanto, poucos tomam essa atitude”.

De acordo com Tadeu Navarro, com a “marcação a mercado”, os fundos tiveram perdas expressivas, que chegaram a 4%, e que perduraram por meses: “Essas instituições tiveram um abatimento significativo, que limitou o pagamento do Imposto de Renda a níveis irrisórios”.

Pedir as contas ao banco

O especialista orienta o investidor a pedir ao banco a prestação de contas do fundo para saber se houve repasse. Na avaliação dele, o crédito representou uma compensação vantajosa para várias instituições financeiras: “Em fundos maiores, 1% de crédito fiscal significa muito dinheiro”.

O repasse dessa vantagem poderia ter como conseqüência, na opinião de Navarro, uma reversão da atitude do investidor: “Com a compensação, poderia ser melhor continuar no fundo e evitar o saque. O investidor faria as contas e concluiria que uma parte da perda seria compensada pelo que se deixaria de pagar de imposto no mês positivo”.

Crédito para quem fez saques

Até os que já saíram dos fundos podem ser ressarcidos, avalia Tadeu Navarro: “Embora ele tenha deixado de ser cotista, continua na maioria dos casos a ser correntista do banco que administra o fundo. Pode, portanto, receber o dinheiro do crédito fiscal na conta corrente”.

A corretora Multistock confirma essa possibilidade. Ela recomenda ao investidor que não se esqueça de usar o crédito, mesmo que já tenha sacado o dinheiro do fundo de investimento.

A instituição garante que, se o aplicador voltar a investir, a melhor alternativa é ficar na mesma administradora, para conseguir abater o crédito do Imposto de Renda.

Theo Carnier