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Crédito: Linhas comerciais estão voltando

Guarulhos, 15 de abril de 2003

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que as linhas comerciais de bancos internacionais para o Brasil estão voltando. Segundo ele, a rolagem já está acima de 100%, variando um pouco semana a semana. “Tem muita coisa para melhorar ainda, porque não depende só do Brasil. Essa é uma questão do sistema internacional, incluindo aí a situação do mercado corporativo americano e a situação dos bancos alemães e dos japoneses”, explicou.

Segundo Meirelles, há um movimento gradual de recuperação de liquidez dos bancos comerciais internacionais, e isso terá reflexos para o País. Como o Brasil está “fazendo seu dever de casa”, quando o mercado melhorar “o País deve aproveitar o aumento da liquidez”.

Preços administrados

Neste momento, disse o presidente do BC, é prematuro concluir que as estimativas para os preços administrados ficarão por volta de 17% (segundo prevê o mercado financeiro), o que forçaria a instituição a elevar a meta de inflação deste ano, atualmente em 8,5%. “Isso porque o preço do petróleo está caindo, tendo impacto positivo na economia, e influenciando de forma expressiva os preços administrados. O preço do petróleo também é relacionado ao dólar, e a queda do dólar tem também influência sobre os preços administrados”, afirmou, após proferir palestra no Council of the Americas, em Nova York, para analistas e investidores.

Olhando para a frente, o BC concluiu que seria precipitado decidir hoje que os preços administrados subirão 17% neste ano, e não 14%, como projetou em janeiro, lembrou Meirelles. “Mas a regra é clara: se os preços administrados subirem muito acima de 14% – para 17%, por exemplo -, a meta irá para 9,5%. Por outro lado, se os preços administrados caírem, e subirem apenas 11% neste ano, a meta de inflação pode até cair abaixo de 8,5%”, afirmou.

Na sede do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Meirelles manteve encontros com investidores estrangeiros, que, em suas palavras, foram bastante positivos. Se, no passado, a preocupação com o Brasil era se o real estava muito desvalorizado, hoje a preocupação é oposta, ou seja, se o real vai ficar muito forte.

“Há uma vontade de entender o que está acontecendo. Mas os investidores sabem que, em um mercado de câmbio livre, não compete ao BC fixar valores de moeda, pois isso não tem funcionado em lugar nenhum do mundo – nem nos EUA nem na Europa, nem na Argentina, e muito menos no Brasil”, afirmou.