Crédito à pequena deve crescer em 2003
O crédito para as micros, pequenas e médias empresas deve melhorar a partir do segundo semestre de 2003. A previsão é do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
“Com a posse do novo governo, muitas dúvidas serão colocadas de lado, permitindo um recuo no dólar e nos juros, por exemplo. Com isso, o cenário fica mais tranqüilo e os bancos se sentirão mais confortáveis para emprestar”, afirmou.
Para Oliveira, com um cenário político estável, os bancos não podem mais restringir o crédito alegando que precisam se resguardar de eventuais perdas, como aconteceu em 2002.
“A melhora no campo político certamente eliminará as barreiras criadas pelos bancos para restringir o crédito aos microempreendedores, como a exigência de pesadas garantias, elevação de taxas de juros e redução de prazos”, explicou.
O BNDES, banco oficial muito procurado pelo setor, prevê emprestar R$ 9,4 bilhões a micros, pequenas e médias este ano, um crescimento de R$ 2,2 bilhões em relação a 2002.
Começo de recuperação
Um dos fatores que mais pesaram na escassez do crédito aos pequenos empresários (a restrição de linhas de crédito internacionais, geralmente oferecidas a grandes empresas), já começa a dar sinais mais favoráveis para os empresários.
De acordo com Oliveira, antes de julho de 2002, quando essas linhas praticamente desapareceram, as dívidas de grandes empresas eram totalmente renovadas. Em meados de setembro, os bancos internacionais rolavam apenas 20% da dívida e hoje a rolagem já está em 30%.
“Isso pode ser encarado como uma retomada de confiança nas empresas e governo brasileiros. Com a volta das linhas internacionais, os bancos domésticos terão que destinar os recursos para as pequenas e médias empresas”, comentou.
Para Oliveira, o enxugamento do crédito internacional foi um dos grandes responsáveis pela queda na relação crédito/PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas de um país), cuja média dos últimos anos ficou em torno de 30%, mas que chegou a 26,2% em 2002.
Juros permanecem altos
Apesar da perspectiva de melhora na concessão de crédito e redução de garantias, as taxas de juros devem permanecer altas, principalmente se o novo governo encarar a inflação como de consumo e não de custo.
Na inflação de consumo há um aumento na demanda de produtos, forçando uma alta nos preços. Na de custo, há o repasse da elevação do preço de algum componente do produto. É o caso da indústria que aumenta o preço de um bem pois a matéria-prima é importada e sofre com as oscilações do dólar.
A previsão da Anefac é que as taxas praticadas para as pessoas jurídicas em janeiro sejam: capital de giro, 4,17%; desconto de duplicatas, 4,34%; conta garantida (o cheque especial do empresário), 7,07%, e desconto de cheques, 4,06%.
“A queda dos juros será gradual, quase imperceptível. Mas se as expectativas positivas se confirmarem, também deverão apresentar um recuo significativo no segundo semestre”, disse.
Paula Freitas