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Corte desperdícios e saia do vermelho

Guarulhos, 21 de janeiro de 2008

Você já pensou em quanto dinheiro gastou nas rodadas de chope nas últimas semanas? Ou para comprar as camisas que ficaram esquecidas no fundo do armário? Foi pensando em gastos como esses que o empresário Fernando Campos resolveu colocar tudo no papel e fechar as torneiras que tinham sido abertas sem necessidade. Deu certo: em vez de administrar os pagamentos do rotativo do cartão de crédito e o limite do cheque especial, em pouco tempo Campos começou a aplicar em fundos de renda fixa e previdência privada. O segredo, de acordo com ele, é um só: planejamento.

“Há dois anos, eu colecionava dívidas que se arrastavam por meses”, diz. “Hoje, depois de cortar gastos sem perder qualidade de vida ou deixar de fazer as coisas de que gosto, já poderia me manter por um ano inteiro se não pudesse trabalhar.”

Campos seguiu à risca as dicas de consultores financeiros. Despesas com bares e restaurantes nos finais de semana, por exemplo, foram reduzidas pela metade. Para comprar roupas, ele adotou a estratégia de pesquisar os preços. Assim, foi cortando o desperdício. E também separou as finanças pessoais das contas de sua empresa, uma papelaria no bairro da Lapa, em São Paulo.

Campos “arrumou a casa” por etapas. “Para liqüidar os valores do cartão de crédito e do cheque especial, que tinham taxas de juros médias de 10% ao mês, fiz empréstimo pessoal com taxas mensais de 3% e concentrei as dívidas em um só lugar”, diz. “Depois que vi quanto dinheiro já tinha rasgado no dia-a-dia, cortei o desperdício mesmo e, só assim, consegui alcançar o que queria”, afirma o empresário.

Pequenas despesas — As principais vilãs das crises financeiras pessoais são as pequenas despesas do cotidiano, segundo o consultor e autor do livro “Terapia Financeira”, Reinaldo Domingos. “Estamos acostumados a dar atenção aos grandes gastos, que geralmente são poucos, e não damos importância às muitas pequenas despesas diárias”, diz.

Ele cita o exemplo de uma mulher que gasta R$ 80 em cada visita semanal ao cabeleireiro — R$ 320 em um mês. Se essas visitas forem realizadas a cada dez dias, ela vai economizar R$ 80 mensais sem deixar de cuidar da beleza. “E se aplicar esse montante em um fundo de renda fixa todos os meses, ao final de um ano terá guardado R$ 1 mil”, afirma. A quantia pode pagar uma viagem de final de ano ou um belo eletroeletrônico.

Vale também deixar aplicado o valor e acumular rendimentos. Em sete anos, os R$ 80 mensais se transformariam em R$ 10,5 mil. “Essa seria uma pequena mudança de hábito que passaria despercebida com o passar do tempo”, afirma. “Se essa economia veio de uma pequena mudança de agenda no cabeleireiro, imagine o que essa mulher alcançaria se repensasse toda sua vida financeira.” Segundo ele, vale repetir o procedimento ao comprar roupas e calçados, nos jantares freqüentes fora de casa, na procura por uma academia de ginástica com preço mais baixo.

“Não é questão de ser pão-duro, mas de pensar como se está vivendo financeiramente e dar ao dinheiro o valor que ele merece”, diz o especialista em finanças Olavo Furtado. “Atitudes assim não interferem diretamente em seu dia-a-dia, mas fazem grande diferença no médio e longo prazos”, afirma.