O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira,19, elevar a taxa básica de juros da economia brasileira – a Selic – de 25,5% para 26,5% ao ano. Também foi definido o aumento do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista de 45% para 60%.
Os diretores do BC que integram o Copom justificaram a alta dos juros e o aumento do recolhimento compulsório como uma resposta ao recente aumento da inflação.
Após cinco horas de reunião, o Comitê anunciou sua decisão com o seguinte comunicado. “A inflação mostra sinais de resistência, diante disso, o Copom decidiu por unanimidade elevar a taxa Selic para 26,5% ao ano. Concomitantemente, a diretoria elevou a alíquota do compulsório sobre depósitos à vista de 45% para 60%”.
Essa é a maior taxa básica de juros desde maio de 1999. Trata-se também da segunda alta consecutiva dos juros no Governo Lula. Na primeira reunião do Copom do novo Governo, a taxa havia subido de 25% para 25,5%. A decisão de ontem não deve surpreender o mercado financeiro.
A maioria dos analistas já apostava em uma alta de um a 1,5 ponto percentual. A elevação dos índices de inflação seria o principal motivo para a alta dos juros. A ameaça de guerra contra o Iraque voltou a desvalorizar o real no início deste ano, o que gerou pressão sobre os preços. Por isso, analistas do mercado financeiro apostam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência das metas de inflação, atinja 11,99% neste ano, um valor bem superior à meta ajustada de 8,5%.
A decisão de ontem pode reforçar a credibilidade do BC e ser um indicativo de que o Governo está atento e quer reverter a tendência de alta da inflação para buscar essa meta. Os juros devem ser mantidos no atual patamar pelo menos até o dia 19 de março, quando o Copom voltará a se reunir. As razões para a elevação da taxa ontem serão conhecidas na próxima quarta-feira, quando o BC divulgará a ata da reunião.