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Copom é o destaque da semana

A reforma da Previdência, que concentrou toda a atenção do mercado financeiro brasileiro na semana passada, terá de dividir espaço nos próximos dias com a reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom). Ou seja, a discussão a respeito da taxa básica de juros que vai vigorar nas quatro próximas semanas ganhará mais importância na agenda dos analistas financeiros. A reunião começa terça-feira (22) e termina na quarta-feira (23), quando os diretores do Banco Central decidem se a taxa básica (Selic) continuará em 26% ao ano.

A maior parte do mercado aposta em um corte de um ponto porcentual na taxa, considerando a tendência de queda da inflação e a postura cautelosa que o Banco Central tem adotado na condução da política monetária do País. Em menor número, há os mais otimistas, que acham ser possível reduzir os juros em até dois pontos porcentuais de uma só vez.

Uma decisão agressiva do Copom refletiria de forma mais fiel a deflação que vem sendo registrada há algumas semanas pelos principais institutos que pesquisam preços.

IPCA – Como o comportamento da inflação é o principal dado para a política de juros, uma pista sobre a decisão do Copom pode aparecer na quarta-feira, quando o IBGE divulga o IPCA-15 de julho, espécie de prévia do índice mensal (o IPCA é o índice usado pelo governo no sistema de metas de inflação). A expectativa do mercado é de que o índice fique entre deflação de 0,10% e estabilidade. Se o indicador surpreender com uma deflação mais acentuada, devem ser reforçadas as apostas em queda maior que um ponto porcentual da Selic.

Além da queda dos preços, pressiona o Copom para a redução dos juros este mês a desaceleração da atividade econômica – em grande parte fruto da alta taxa básica de juros.

Reforma – Além de operarem na expectativa da reunião do Copom, os investidores também devem acompanhar de perto o desenrolar da reforma da Previdência. Depois de muito vaivém na semana passada, o governo fechou uma proposta final para enviar ao Congresso Nacional e, nesta quarta-feira, a executiva nacional do PT deve se reunir para acertar a votação com seus parlamentares.

A reforma mexe principalmente com os indicadores de risco brasileiros, muito sensíveis às discussões de caráter político. Se tudo correr de acordo com que o mercado espera, há espaço para a taxa de risco do País voltar a operar abaixo de 800 pontos-base.

Bolsa e dólar – Se a reforma não trouxer surpresas e o Copom realmente reduzir os juros, o dólar comercial deve continuar oscilando entre as cotações de R$ 2,85 e R$ 2,90, principalmente por causa da forte entrada de dólares captados por empresas brasileiras no exterior.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve ser beneficiada por uma queda dos juros básicos, mas hoje pode ter volatilidade por causa do vencimento de contratos de opções sobre ações.

Giuliana Napolitano

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