As micro e pequenas indústrias já receberam este ano cerca de R$ 19,6 milhões em crédito, segundo estimativa do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi). A quantia é maior que os R$ 17 milhões obtidos durante todo o ano passado. A expectativa do Simpi é que essas empresas obtenham acesso a até R$ 31 milhões em 2002.
As principais razões para o aumento de 82% na concessão de crédito são a Copa do Mundo e as eleições. “As indústrias de brindes são as que mais estão tomando recursos emprestados para ampliar a produção. Os setores de confecção, metalurgia, plástico e de periféricos para informática também deverão pedir mais recursos”, explicou o diretor de Crédito do Simpi, Carmine Forcina.
Não é o sindicato que empresta dinheiro às empresas. O Simpi ajuda o empresário a elaborar um detalhado projeto, que deverá ser entregue ao banco no momento do pedido de empréstimo. Pelo plano, o empresário paga 2% sobre o valor creditado. Qualquer empresário, sindicalizado ou não, pode pedir ajuda para o projeto junto ao Simpi.
O valor destinado às micro e pequenas poderia ser bem maior. Primeiro porque as linhas de crédito existentes liberam recursos apenas para empresas com, no mínimo, um ano de existência. Outro fator é o condicionamento do crédito à situação fiscal da empresa. Antes de emprestar, os bancos federais checam a situação da empresa junto ao Cadastro de Inadimplentes de Órgãos e Entidades Federais (Cadin).
De acordo com Carmine, foram desenvolvidos 360 projetos até abril, mas apenas 40% conseguiram financiamento. “Quando a economia vai mal, a maior parte dos empresários deixa de pagar impostos. O empreendedor tem que decidir entre pagar os fornecedores e funcionários ou o governo. O proprietário pode ser um excelente pagador, não ter o nome no Serasa ou em outros cadastros, mas os bancos não estão preocupados com isso”, afirmou o diretor do Simpi.
Também não são muitas as linhas de crédito do governo para as micro e pequenas indústrias. No Simpi, todos os recursos disponíveis são repassados pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As linhas disponíveis
Na Caixa, o empresário tem acesso ao Proger e ao Giro Caixa. No primeiro, destinado principalmente para a compra de equipamentos, o limite é de R$ 50 mil, que devem ser pagos em 48 meses, com um período de carência de seis meses. Para essa linha, os juros são de 5% ao ano mais Taxa de Juros de longo Prazo (TJLP), atualmente em 9,5% ao ano. No Giro Caixa são emprestados até R$ 100 mil, que deverão ser quitados em até 12 meses, sem período de carência, a uma taxa de 1,78% ao mês.
O BNDES disponibiliza duas linhas para os micro e pequenos industriais: o BNDES Automático, que concede até R$ 2 milhões, com 60 meses para pagar (12 meses de carência), a 5% de juros ao ano mais TJLP; e o Finame, exclusivo para o financiamento de máquinas e equipamentos novos de produção nacional. Nesse plano não há limite de empréstimo e o pagamento é feito da mesma forma que o BNDES Automático.
Segundo Carmine, o valor médio pretendido pelas micro e pequenas é de R$ 80 mil e, por isso, a maior parte dos empresários utiliza o Proger e o Giro Caixa ao mesmo tempo.
Para o diretor, uma das vantagens do Proger é o custo, mais barato, além de aumentar o número de contratações. “Geralmente o empresário também admite funcionários para trabalhar com máquinas adquiridas com o crédito. No Simpi, todas as empresas que utilizaram esse crédito criaram mão de obra”, diz ele.
Paula Freitas