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Conta-poupança: saída dos bancos para driblar altos compulsórios

Os bancos já encontraram uma maneira de driblar os altos compulsórios que o Banco Central (BC) recolhe dos depósitos em conta-corrente. O percentual sobre esses depósitos subiu de 45% para 48% em agosto, e para 53% este mês. As grandes redes bancárias oferecem serviços de conta-poupança, que transferem automaticamente os recursos das contas-corrente para uma caderneta de poupança, sobre a qual o recolhimento de compulsório é de 30%. O compulsório é uma parte do dinheiro que os bancos captam e que deve ser depositada no Banco Central por um determinado período.

De acordo com a resolução 2.878 do BC, de julho do ano passado, a transferência para conta-poupança só pode ser feita com autorização por internet ou por escrito dos correntistas. Mas dados do Serviço de Atendimento ao Público do BC mostram que muitas instituições têm feito ouvidos moucos para a regra. Apenas neste ano, já foram computadas 77 reclamações de consumidores contra vários bancos.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira, lembra que poucos são os clientes que reclamam, já que muitos deles têm a sensação de serem beneficiados pelo serviço. O economista explica que apenas os recursos que ficam parados por mais de um mês recebem qualquer tipo de remuneração.

– Em compensação, os bancos que deixam de recolher os altos compulsórios aproveitam a disponibilidade de recursos para, na outra ponta, oferecer crédito a juros muito altos – critica.

Oliveira alerta ainda para o fato de muitos bancos cobrarem a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) sobre as cifras transferidas.

Efeito marginal – O BC diz que a transferência de recursos das contas comuns para as contas-poupança tem efeito marginal sobre a política monetária do país. Segundo o BC, as instituições financeiras não estão livres para usar os recursos da poupança da maneira como quiserem, uma vez que são obrigados a emprestar 65% do total depositado na poupança por meio do crédito imobiliário.

Juliana Rangel

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