“O poder aquisitivo do consumidor está crescendo”, disse Paulo Picchetti, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). “Isso é resultado da alta do emprego, da alta do salário nominal, que vem sendo conseguido nos dissídios, e da alta do salário real, já que você tem a redução da inflação”, disse Picchetti.
Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) mostrou que o valor da cesta básica somou R$ 172,31 em junho deste ano, abaixo dos R$ 183,14 do mesmo mês de 2005.
“O consumidor está comprando tanto quanto no ano passado, mas com despesa menor. A sobra ele vai gastar em outras coisas”, disse João Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio). Uma sondagem da Fecomércio-RJ apontou que no primeiro semestre, mais pessoas (26,1%) disseram que, depois do pagamento de todas as despesas, haveria sobra no orçamento familiar, contra 25,3 % em igual período de 2005.
O dinheiro que sobra seria usado para pagar contas ou prestações, comprar mais produtos básicos, adquirir produtos de pequeno valor e comprar produtos de grande valor, ordem esta estabelecida com base nas respostas recolhidas no levantamento de junho.
A melhora da renda imediata se reflete principalmente em um maior consumo de bens não-duráveis, de menor valor, enquanto produtos mais caros dependem mais da disponibilidade de crédito.
O IBGE informou, na semana passada, que as vendas no varejo de bens duráveis subiram em maio sobre igual mês de 2005. As de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo saltaram 7,36%, e as de tecidos, vestuário e calçados, 9,26%.
Picchetti, da Fipe, argumentou que, apesar do aumento do consumo, outras variáveis estão pesando mais sobre a inflação, mantendo-a sob controle. Além do real forte, que diminui os custos de produtos importados, a boa safra agrícola e os reajustes menores de preços administrados dão um alívio para a inflação neste ano.