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Consumo de gás em veículos cresce e anima fornecedor

O mercado de gás natural veicular (GNV) está em crescimento acelerado. O consumo aumentou 45% nos primeiros quatro meses de 2002 na comparação com o mesmo período de 2001, atingindo 184,2 milhões de metros cúbicos. Se comparado a 1992, ano da inauguração do primeiro posto de abastecimento, o crescimento é ainda mais expressivo: 1.838%, segundo estatísticas do Sindicom, sindicato que agrega as grandes distribuidoras de derivados de petróleo.

Em alguns estados, inclusive, a demanda por GNV é superior à oferta. Por isso, existem filas de motoristas à espera do combustível, conta Francisco Barros Junior, coordenador do grupo de GNV do Sindicom e gerente de gás e desenvolvimento automotivo da distribuidora Ipiranga.

Mas, o desempenho do GNV não é uniforme em todo o País. O mercado é mais ativo nos estados costeiros, próximos das áreas de produção de gás natural, do gasoduto Bolívia/Brasil e onde já há uma rede de distribuição avançada – uma vez que, ao contrário dos outros combustíveis, o comércio do GNV depende da instalação de gasodutos. Na região Norte, no entanto, ainda não existe e dificilmente será implantado a curto prazo. Em Santa Catarina, o desempenho também está abaixo das expectativas.

Avanço no Sudeste

Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, distribuíram, respectivamente, 73 milhões de metros cúbicos e 30,1 milhões de metros cúbicos entre janeiro e abril deste 2002. Os dois estados juntos responderam, portanto, por 56% do total vendido no País no mesmo período. “Nessas áreas, a população já tinha a cultura do consumo do gás nas residências e as distribuidoras estaduais também já haviam desenvolvido a rede de transporte”, explica Clenardo Fonseca dos Santos, gerente de GNV da distribuidora BR.

Em 2001, as vendas de GNV na Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), que atende 180 municípios do Estado de São Paulo, incluindo a capital, totalizaram 112 milhões de metros cúbicos. O volume é 75% superior aos 64 milhões de metros cúbicos de GNV colocados em 2000. A Comgás projeta atingir, no final de 2002, vendas de 250 milhões de metros cúbicos. Para tanto, irá expandir dos atuais 91 para 145 o número de postos revendedores.

Âncora à rede

No Norte do País o GNV não deverá chegar em prazo inferior a cinco anos, calcula Augusto Bellard, presidente do Sindicato dos Revendedores de Petróleo do Estado do Pará (Sindepa). O motivo, seria a distância dos gasodutos. O investimento seria muito elevado para um consumo ainda pequeno – 3% do total nacional. Outra forma de transporte seriam os cilindros, que viajariam por estradas ou rios, como é feito hoje com o gás de cozinha (gás liquefeito de petróleo, GLP). Mas Belém teria que ter empresas preparadas para armazenar o produto e um terminal para recebê-lo. A opção também esbarra na relação entre investimento e consumo.

Se no Sudeste o GNV pegou carona no consumo do gás para outras finalidades, no Nordeste serviu de âncora para o desenvolvimento do mercado do gás natural e estimulou as concessionárias a investirem em redes de distribuição. Hoje, há postos de abastecimento do Ceará à Bahia. Os sete estados da região consumiram juntos 14,6 milhões de metros cúbicos em abril, 28,7% do volume total de 50,8 milhões de metros cúbicos absorvidos no País.

O mercado de distribuição de gás natural no Ceará, por exemplo, passa por um momento de superaquecimento. E, dos segmentos atendidos pela Cegás, o veicular é o que registra maior crescimento, embora tenha começado em 2000. A demanda veicular já responde por 30% das operações da Companhia de Gás do Ceará S/A (Cegás). “Eram três postos em meados de 2000, e hoje são 15 em funcionamento, mais 18 já contratados e 20 projetos em análise”, diz Sérgio Kuntz Filho, diretor técnico comercial da Cegás. Segundo ele, o consumo de GNV saltou de 57 mil metros cúbicos/dia no início de 2001 para 99 mil metros cúbicos/dia em dezembro e, atualmente, aproxima-se dos 108 mil metros cúbicos/dia.

Em Pernambuco, o GNV também foi o segmento de consumo do gás natural que mais cresceu em 2001. A Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) vendeu 149,8 mil metros cúbicos/dia no exercício. Romero Oliveira, presidente da empresa, projeta encerrar 2002 com um consumo de 200 mil metros cúbicos/dia.

Falta de informação

Em Curitiba, a venda de GNV foi iniciada há pouco mais de um ano e representa hoje 7% dos negócios totais da Companhia Paranaense de Gás (Compagas). O consumo do produto registra aumento da ordem 9% ao mês e alcançou, em junho, a média diária de 33 mil metros cúbicos. “O ritmo de crescimento é muito bom. Hoje temos 7 postos de abastecimento e a meta é chegar a 12 até o final do ano”, diz Marco Aurélio Biesemeyer, responsável pelo GNV na Compagás.

Em Santa Catarina, o fornecimento, que começou em janeiro, ainda não atendeu às expectativas da Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás). A empresa tem 22 contratos assinados com postos, mas apenas cinco implantaram equipamentos de conversão. A rede de distribuição está pronta, à espera do sinal verde dos proprietários.

Segundo Henrique Teixeira Moura, diretor técnico comercial da SCGás, o volume contratado de GNV em Santa Catarina é hoje de 15 mil metros cúbicos/dia, diante da expectativa de 25 mil metros cúbicos/dia a 30 mil metros cúbicos/dia. Ele diz que o maior entrave à consolidação do produto “é a falta de esclarecimento” da população.

Participaram Fernanda Nunes, do Rio, Katia Ogawa, de São Paulo, Renata Ferreira, de Belém, Darlan Moreira, de Fortaleza, Carlos André Carvalho, de Recife, Ubirajara Alves, de Curitiba e Juliana Wilke, de Florianópolis.

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