O consumidor brasileiro está cada vez mais heterogêneo. Passada a crise econômica de 2003 e com a melhora do emprego em 2004, as pessoas deixaram de se preocupar tanto com o preço dos produtos que consomem e voltaram a optar por marcas mais conhecidas e assim, mais caras. Isso é, claro, quando é possível.
De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), em artigos de vestuário, principalmente, o consumidor prefere a marca em detrimento do preço. “Claro que isso depende da renda de cada um, mas o marketing por trás de uma roupa vestida por um artista de TV, por exemplo, faz que o consumidor opte por esse produto, ao invés de um similar desconhecido”, explica o presidente da Alshop, Nabil Sayoun.
Peso da marca – Ele afirma que determinadas marcas têm um peso tão importante para o consumidor que este prefere sair da loja com uma embalagem com o logotipo da empresa a uma caixa tradicional.
“Discutimos esse tema em um seminário em São Paulo e todos os lojistas presentes afirmaram que as pessoas chegam a reclamar porque querem a caixa e a sacola com o logotipo da loja”, diz Sayoun. Entretanto, se a marca for desconhecida, o consumidor opta por uma embalagem sem logotipo.
No caso de artigos de consumo não duráveis, para o dia-a-dia, o consumidor também voltou a preferir as melhores marcas. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira, desde 2002 até o início de 2004, as pessoas optavam pelo mais barato ou em promoção. Agora a situação se inverteu. “As marcas líderes apresentaram boa recuperação, já que a economia melhorou um pouco. Mas essas empresas também passaram a fazer mais ofertas para enfrentar a concorrência”, explica.
Oliveira afirma que, historicamente, os momentos de crise, quando o consumidor precisa diminuir gastos, são seguidos por um aumento nas vendas de produtos de segunda linha ou similares sem cuidados com o marketing. “Os artigos não são necessariamente piores, alguns não têm cuidados com embalagens ou uma estrutura empresarial complexa, e por isso conseguem preços melhores”, diz.
Passada a crise, explica Oliveira, algumas marcas mostram-se competentes e permanecem com boa margem de mercado. Outras, porém, perdem espaço para os líderes. “O consumidor volta ao top de linha quando pode.”
Esse comportamento pode ser notado com qualquer tipo de artigo de supermercado ou lojas, não importa se é produto de beleza, limpeza, saúde ou alimentação. “É o dinheiro disponível que determina o que as pessoas vão comprar”, diz Sayoun, da Alshop.
Classe A – Por esse motivo, os únicos que não optam por preço em nenhuma situação são os consumidores da classe mais alta, que sempre escolhem os produtos pela marca ou qualidade. “Milionário não sofre crise e não precisa comprar artigo popular”, resume Oliveira.
Fernanda Pressinott