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Consumidores fazem questão de ter nome limpo

Guarulhos, 21 de novembro de 2003

Dignidade, garantia de poder consumir e, principalmente, de sobreviver. Essas são as razões para que os consumidores regularizem sua situação cadastral junto ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). E nos últimos meses, apesar da difícil situação econômica pela qual os brasileiros estão passando, muitos estão deixando o nome limpo.

O aposentado Antônio Pereira da Silva, 58 anos, quer manter o que considera mais precioso na vida: a sua dignidade. “Além de um sobradinho, o nome é a única coisa que tenho”, afirma Silva, que já pagou R$ 1,2 mil da dívida contraída com compras de eletrodomésticos em uma loja. Ele ainda não conseguiu tirar o nome do cadastro de inadimplentes, mas só porque a empresa em questão faliu.

Só a prazo – Outro que precisa ter o nome limpo é o auxiliar de limpeza João de Souza Rodrigues, 26 anos. “Não tenho como comprar à vista, e não dá para sobreviver com o nome desse jeito”, diz ele. João, com uma dívida estimada em mais de R$ 35 mil, foi assaltado em abril de 1999 e só percebeu ter sido vítima de estelionato no último mês de agosto.

Nos últimos quatro anos, seu nome foi utilizado para abertura de contas bancárias, aquisição de carro e realização de financiamentos. Além disso, diversas dívidas foram feitas com cartão de crédito e por meio de crediários de lojas. Agora, João está tentando limpar seu nome.

Dificuldade – A pernambucana Simone Cristina da Silva, de 28 anos, também faz de tudo para manter seu nome limpo. Ela foi à sede do SCPC para regularizar sua situação, pois pretende fazer um empréstimo. “Sem crédito não se vive e com o nome sujo fica mais difícil pegar empréstimo”, exemplifica ela, que é balconista em uma loja de roupas.

Simone lembra que também fica atenta ao pagamento da escola do filho. “Se eu não fizer o pagamento, após 15 dias colocam o meu nome no SCPC”, diz a jovem, que aproveitou a presença da reportagem do Diário do Comércio para elogiar o atendimento do SCPC.

A jornalista Arlete Alcântara regularizou sua situação de olho nas compras de fim do ano. “Não que eu seja muito consumista. Mas fico com a possibilidade de futuramente comprar alguma coisa”, diz.

Cancelamentos – De janeiro a outubro desse ano, o volume total de cancelamentos de registro (2.291.049) registrou crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado (2.131.312). “O consumidor está controlando mais seus gastos e o comércio está ajudando, não cobrando juros e multas e às vezes dando até descontos para que a quitação dos débitos”, afirma Emílio Alfieri, economista do Instituto Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo. Para Alfieri, a tendência é de que até dezembro essa porcentagem cresça ainda mais, por conta do ingresso do 13º salário na economia.

Adriana David