As siderúrgicas brasileiras querem aumentar em 10% o preço do aço produzido no país. A informação é do secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) Roberto Giannetti da Fonseca. A exemplo dos americanos, as empresas do setor pedem uma ampliação de 9% para 30% da tarifa de importação do aço que entra no Brasil. O acréscimo, solicitado ao governo brasileiro, foi justificado como decorrência da medida protecionista – imposta recentemente pelos Estados Unidos que entrou em vigor ontem – de sobretaxar o produto importado.
As indústrias alegam que as sobretaxas impostas pelos americanos irão aumentar o excedente de produção de aço no mundo. O mercado já enfrenta uma superoferta. O resultado é que os países produtores deverão redirecionar suas exportações para outros mercados, inclusive o Brasil. Daí a necessidade – de acordo com o setor – de sobretaxar o aço que chega ao Brasil. O problema é que isso acabaria por elevar os custos da própria indústria nacional. Essa seria, então, a justificativa para subir os preços internos.
Para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), aumentar a tarifa de importação fecharia o mercado local e evitaria um prejuízo maior para as siderúrgicas. Mas aumentar as alíquotas de importação de aço depende de decisão da Camex, que deverá analisar o assunto no dia 26. O secretário-executivo do órgão, no entanto, é pessoalmente contra a medida. “Não podemos seguir o mau exemplo dos americanos e proteger deslealmente nossa indústria”, declara. Para ele, a tarifa atual de 9% é adequada à competitiva indústria siderúrgica nacional.
O Brasil importa apenas 5% do que consome de aço – uma tonelada por ano do produto ou cerca de US$ 300 milhões. O resto é abastecido pela produção nacional. Mesmo assim, aumentar o preço do aço trazido do exterior estimularia as siderúrgicas nacionais a cobrarem preços comparáveis ao do produto importado. Antes da decisão dos EUA, o governo brasileiro havia fechado acordo com o setor siderúrgico para não ampliar tarifas de importação. “Eles parecem ter quebrado o acordo”, afirmou Giannetti.
Já representantes da União Européia (UE) anunciaram que o contra-ataque da região às medidas protecionistas americanas será “justo”, para que não tenha impacto negativo sobre países “inocentes”. “Faremos da maneira mais justa que pudermos. Queremos adotar uma medida responsável e coerente com as normas da OMC”, disseram fontes européias. A UE tentará adotar medidas que não sejam protecionistas e que mantenham os níveis de acesso ao mercado. O comissário Pascal Lamy anunciou que devem entrar em vigor em poucos dias. O Japão, por sua vez, apresentou ontem uma queixa na OMC contra os Estados Unidos.