Assim como os grandes consumidores de energia elétrica, os pequenos e médios também têm formas de se proteger contra um possível racionamento no Brasil e, ainda, obter redução dos custos com o insumo.
Para Cyro Barbosa Bernardes, consultor do setor de energia elétrica e ex-diretor de distribuição da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), esses consumidores têm três maneiras de se precaver contra uma crise energética. Uma delas é a formação de condomínios, isto é, grupos de empresas, para comprar energia a preços mais baratos. “Quanto maior o nível de tensão, menor a tarifa de energia”, diz.
Ao formar condomínios, as empresas mudam seu nível de tensão, ou seja, o volume de energia consumido, e com isso têm a possibilidade de fazer nova opção tarifária, segundo Bernardes.
Além dos condomínios, as pequenas e médias que consomem acima de 500 KWh (quilowatts-hora) podem rever seus contratos com a concessionária. “Dessa forma, elas ficam aptas a migrar para outro tipo de energia, como a gerada por pequenas centrais hidrelétricas (PDHs) ou por pequenas centrais térmicas (PCTs)”, diz o consultor.
A tarifa das pequenas centrais geradoras de energia costuma ser menor do que a estabelecida pelas concessionárias, de acordo com o consultor Bernardes.
Ele informa que outra alternativa de proteção contra o racionamento é a aquisição de um grupo motor-gerador movido a diesel. “Esse sistema é usado como stand by”, diz.
Bernardes afirma que para os pequenos e médios consumidores é difícil buscar energia no Mercado Atacadista de Energia (MAE) devido ao alto custo do insumo. “No racionamento a energia do MAE foi comercializada a R$ 684/MW. Hoje o MW é vendido a R$ 4,18 no Sudeste e Centro-Oeste devido ao bom nível dos reservatórios”, afirma.
Segundo Bernardes, os grandes consumidores estão em busca de geração própria para se proteger de uma possível crise no setor. “As indústrias com demanda contratada acima de três MW (megawatts) procuram alternativas fora do setor oficial para buscar energia, como a co-geração e a construção de pequenas térmicas e hidrelétricas.”
Para os pequenos e médios, esse tipo de investimento é bastante difícil devido ao grande aporte de capital necessário.
O consultor também informa que os grandes consumidores estão buscando energia elétrica no MAE. Ele explica que se a indústria deixar de comprar energia da concessionária no chamado horário de ponta, que vai das 17 horas às 21 horas, ela pode reduzir em até 100 vezes o valor da tarifa. “Se hoje uma indústria tarifada em média tensão paga R$ 700 por MWh para a concessionária, para o MAE, ela pode pagar cerca de R$ 20/MWh”, afirma.
Para isso, a empresa necessita de um grupo motor gerador e de contrato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que possibilite comprar energia no mercado livre.
Regina Maia