Consumidor pretende comprar menos até o fim do ano
O medo de um futuro mais nebuloso com as crescentes taxas de desemprego, diminuiu a intenção de compra dos consumidores brasileiros até o final do ano, conforme uma sondagem trimestral da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Fundação visitou 1.844 domicílios em 12 capitais do país, ouvindo consumidores com rendimento de 1 a 33 salários mínimos, e concluiu que 54,01% dos entrevistados em julho têm a intenção de reduzir gastos com bens de alto valor, excluindo automóveis e imóveis.
Em outubro de 2002, quando o Banco Central iniciou uma sequência de elevações de juros básicos, essa proporção era 46,07%.
“À medida em que o ano foi passando e que a política monetária foi se tornando mais rigorosa, esse impacto se fez sentir no bolso do consumidor. Com isso, as pessoas estão revendo suas decisões de compra”, disse Salomão Quadros, economista da FGV.
Meses de aperto monetário levaram a queda recorde das vendas no comércio varejista e da atividade industrial. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,1% em relação ao quarto e cresceu apenas 2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Apesar disso, o consumidor ainda espera uma melhora na situação econômica do país, mostrou a pesquisa. A FGV identificou que 79,85% dos entrevistados esperam que a situação melhore ou fique igual nos seis meses seguintes, praticamente o mesmo percentual de outubro.
“A pesquisa indica que o consumo está retraído. Apesar de a situação da família não estar boa, os consumidores ainda dão um voto de confiança ao governo”, disse Quadros.
Nos últimos dois meses, o Banco Central reduziu a taxa de juro em dois pontos percentuais para 24,5%. A expectativa é que haja um novo corte na reunião da próxima semana do Comitê de Política Monetária (Copom).