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Consumidor fica com medo do crediário

A pesquisa de expectativas de consumo realizada pelo Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP, aponta que 40,8% dos moradores da região metropolitana de São Paulo não pretendem comprar nenhum bem durável no primeiro trimestre deste ano. E, entre os 59,2% que pretendem comprar, caiu a intenção de usar o crediário como forma de pagamento.

“Embora a taxa básica de juros (Selic) não esteja influenciando diretamente os juros cobrados no crediário ao consumidor final, por exemplo, os ajustes dos últimos meses refletiram no ânimo do brasileiro e em sua disposição a comprar”, explica o coordenador geral do Provar, professor Claudio Felisoni De Angelo.

A pesquisa, feita com 500 adultos na capital paulista, entre os dias 10 e 17 de janeiro, mostra a intenção de compra do consumidor nos segmentos de linha branca, móveis, eletroeletrônicos, material de construção, automóveis, informática, foto e ótica, cama, mesa e banho e autopeças e acessórios.

Gastos por grupo – A sondagem ainda mostra que o grupo que possui a menor renda familiar (até R$ 390 mensais) é também onde está a maior intenção de compra de bens de alto valor, como linha branca (26,8% de intenções contra 17,1% no grupo de renda até R$ 6,9 mil), móveis (31% contra 11,9%), eletroeletrônicos (32,8% contra 6,3%), cama, mesa e banho (38,7% contra 9,7%) e autopeças (38,1% contra 19%).

De acordo com o coordenador do Provar, não há nenhuma incoerência nesses dados, pois é justamente nessa camada da população que o consumo está mais reprimido. “É natural que, ao ocorrer uma melhora do emprego e da renda, o consumo também melhore”, afirma De Angelo.

Porém, ele lembra que esse grupo é também o que compromete a maior parte do rendimento familiar (cerca de 89%) em gastos com habitação, alimentação e transporte, por exemplo. Ou seja, sobra muito pouco (10,3%, segundo a pesquisa) para gastos com bens duráveis. “Assim, a intenção de compra não acompanha a renda, o que poderá aumentar substancialmente a inadimplência, caso essas compras de fato se concretizarem”, diz o professor do Provar.

Preferências – Entre os consumidores que pretendem comprar algum tipo de bem durável, os itens preferencialmente desejados foram os eletroeletrônicos, com 12,8% das intenções. Na pesquisa anterior, que indicava as pretensões para o último trimestre de 2004, esse percentual era de 11%.

Houve aumento também na intenção de compra em relação ao primeiro trimestre do ano passado, quando eletroeletrônicos tinha 6,9% da preferência do consumidor. “Não podemos esquecer que, naquela pesquisa, o consumidor vinha de um ano 2003), extremamente reprimido”, diz Luiz Paulo Lopes Fávero, coordenador de Cursos, Pesquisas e Consultoria do Provar.

Ele lembra que melhorou a intenção de compra em quase todos os segmentos neste trimestre em relação ao mesmo período de 2004. No outro extremo, o setor de informática é o segmento menos desejado pelos consumidores, com 3,8% da preferência.

Patrícia Büll

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