ACE-Guarulhos

Consumidor “caloteiro” procura acertar mais contas pendentes

Parte do comércio de São Paulo já constata, surpreso, que os clientes inadimplentes está voltando às lojas para saldar suas dívidas. Na rede de drogarias Drogão, por exemplo, 40% dos devedores procuraram os seus pontos de venda nas primeiras semanas de abril para acertar dívidas pendentes. “Cerca de 40% dos nossos devedores acertaram suas pendências, nos últimos 10 dias, o que nos surpreendeu”, confirma Nelson de Paula, gerente da rede de lojas Drogão.

Na opinião do gerente, os consumidores estão quitando as dívidas para limparem seus nomes e poderem voltar a comprar no Dia das Mães. “Não podemos ignorar ser esta uma das datas mais importantes para os consumidores e para o varejo, e a nossa rede já se preparou para ela, com uma linha especial de perfumaria.”

O comportamento dos consumidores da rede Drogão endossa pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que aponta a procura, na primeira quinzena deste mês, de 101.223 consumidores inadimplentes ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) para renegociar as dívidas, um volume 42,6% maior em relação a abril do ano passado.

Na Lojas Riachuelo a inadimplência, que havia chegado a 5% em igual período de 2001, hoje está no patamar de 4%. Segundo o vice-presidente da rede, Flavio Rocha, a tendência é que esse movimento se acentue nos próximos meses.

Giselle Munhoz, sócia-proprietária da loja Due Amici, sentia, desde o início do ano, que suas clientes estavam tendo dificuldades em quitar suas dívidas. Propôs renegociação “e 40% acertaram suas pendências.” Ela não acredita que isso tenha acontecido porque essas pessoas querem comprar no Dia das Mães. “Elas querem ter apenas o seu nome limpo e se verem livres das dívidas”, opina.

NoArmarinhos Fernando, uma rede de 6 lojas, que vende mais de 5 mil itens e tem mais de 5 mil consumidores por mês, o gerente Marcio Gavranic diz não haver inadimplência, “porque os pagamentos são feitos à vista ou com cartões de crédito”.Ele credita essa situação privilegiada à clientela tradicional, “que nunca nos deu calote.”

Luiz Carlos Durante, diretor de recursos humanos dos Supermercados Sé, diz desconhecer os índices de inadimplência da rede, mas, de qualquer forma, acha estranho que as pessoas estejam interessadas em pagar as dívidas para fazer outras. Para ele, não há nenhum fator que justifique quitações de débitos de inadimplentes neste período, “pois não entrou nenhum dinheiro extra na conta de ninguém nesta época do ano, nem mesmo bônus salariais.”

Celia Moreira

Sair da versão mobile