Os primeiros sinais de retomada da economia, já visíveis no comércio, ainda estão longe de alcançar os setores ligados à construção civil. Pelo terceiro ano consecutivo, o PIB da construção sofrerá uma forte retração. A expectativa do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo é de uma queda de 7,9%. O cálculo, feito pela GV Consult, é baseado em dados do IBGE que mostram uma redução de 8% na produção de materiais para construção em agosto. O mercado de cimento é um bom parâmetro. Neste ano, os fabricantes estimam que se perderá uma “Argentina” com a redução de 10% no consumo – o que significa 4 milhões de toneladas a menos, quantidade utilizada em um ano pelos argentinos.
O declínio na construção atingirá em cheio a taxa de investimento no país, medida pela formação bruta de capital fixo. A expectativa dos especialistas é de uma queda de 8%, a maior desde 1999. Se confirmado, o índice – estimado em 17,6% do PIB neste ano – será o mais baixo em dez anos.
O Sinduscon-SP acredita que a recuperação só chegará ao setor no segundo trimestre de 2004. O vice-presidente da entidade, Eduardo May Zaidan, argumenta que a defasagem se deve à falta de créditos de longo prazo, o que exige a formação de poupança pelos principais investidores. A situação parece agravar-se em São Paulo, onde o interesse em novos investimentos vem caindo. A capital paulista perdeu para Pequim (China) o posto de melhor cidade para investimentos imobiliários, segundo pesquisa da consultoria Cushman & Wakefield com 500 empresas européias.
Gustavo Faleiros, Carolina Mandl e Vera Saavedra Durão