Apesar das obras concluídas, o Viaduto Cidade de Guarulhos será inaugurado apenas na próxima quarta-feira, segundo apurou o Guarulhos Hoje. A assessoria da Prefeitura não informou os motivos para a espera se os trabalhos no local estão finalizados. A obra, cuja entrega deveria ter sido realizada dois anos atrás, conforme o cronograma inicial, enfrentou uma série de problemas de projeto, cuja responsabilidade foi do ex- prefeito Elói Pietá (PT).
Inaugurar o Viaduto em julho, desde o ano passado, passou a ser uma obsessão da administração do prefeito Sebastião Almeida (PT), que acabou herdando a difícil tarefa de concluir um projeto cheio de falhas, que contou – inclusive – com o abandono da obra pela construtora Camargo Corrêa, contratada em 2006 por Pietá por R$ 31,8 milhões. Com os aditamentos autorizados pela administração anterior, a empresa deveria receber R$ 42 milhões pela obra concluída. Porém, em setembro de 2009, a empresa abandonou a construção, entregando apenas a via elevada, sem construir a segunda alça de acesso à Dutra. Na época, alegou que o material utilizado seria superior ao previsto no projeto inicial, o que inviabilizava seu término.
Almeida então foi obrigado a encontrar novas saídas para finalizar a obra, considerada a grande realização da administração Pietá, que acabou deixando a Prefeitura sem a inauguração de todo o complexo. Em dezembro de 2008, antes de deixar o cargo, o ex-prefeito inaugurou às pressas somente a alça de acesso à marginal da pista Rio-São Paulo da rodovia Presidente Dutra.
Após a saída da Camargo Correa, a atual administração contratou a Proguaru por cerca de R$ 14 milhões para fazer a alça. A JZ Engenharia e Comércio deveria receber mais R$ 10,5 milhões para execução de obras e projeto executivo, incluindo obras de arte em viga pré-moldada, terraplanagem, drenagem, pavimentação, serviços complementares, gerenciamento e controle tecnológico.
Com um novo aditamento para a JZ de 24,91%, autorizado pelo secretário municipal de Obras, João Marques Luiz Neto, no último dia 22, somando reajustes, projetos e estudos complementares, o valor final do Viaduto subiu para R$ 71,1 milhões.
Na reta final da obra, para garantir o prazo de entrega estabelecido por Almeida, o canteiro passou a contar com o reforço de funcionários da Proguaru, que têm executado serviços na via estaiada próximo a avenida Monteiro Lobato, trecho que seria de responsabilidade da JZ.
Segundo o líder da Oposição e presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos na Câmara Municipal, vereador Geraldo Celestino (PSDB), e o presidente da Comissão de Trânsito e Transportes, vereador Romildo Santos (PSDB), que estiveram no local nesta semana, a ajuda da Proguaru não poderia ocorrer. “Estão favorecendo a empresa privada. Quero saber se vão descontar o preço na medição a ser paga à JZ”, disse o vereador, que ameaça acionar o Ministério Público do Estado de São Paulo para investigar o caso.
Na próxima semana, Celestino promete convocar o secretário de Obras, João Marques Luiz Neto, e o presidente da Proguaru, Arthur Cunha, para prestarem esclarecimentos no Legislativo. Questionada sobre a razão de funcionários da Proguaru estarem trabalhando na área destinada a JZ Engenharia e se haverá desconto do pagamento a ser feito à empresa, a Secretaria Municipal de Obras não se pronunciou. O GH contatou a Proguaru, porém, a autarquia afirmou que somente a Secretaria de Obras poderia se manifestar sobre o assunto.
