Mais dinheiro disponível nos bancos para operações de empréstimo neste final de ano e juros menores. Esse pode ser o reflexo da medida do Banco Central, anunciada na sexta-feira, 19, de reduzir em R$ 300 milhões o compulsório.
O compulsório equivale ao porcentual que os bancos recolhem, obrigatoriamente, ao BC, sobre parte dos depósitos à vista (contas correntes) e a prazo (aplicações financeiras) de seus clientes. A redução anunciada será sobre a parcela do compulsório de 15% calculado sobre os depósitos a prazo
Estímulo – Com um compulsório menor, os bancos podem ficar estimulados a baixar suas taxas de juros para o consumidor final, o que, de certa forma, tem impacto direto no crediário e, por sua vez, nas vendas deste final de ano. Isso porque, com mais dinheiro disponível nos bancos, a concorrência entre eles na disputa pelo consumidor aumenta e isso os forçaria a reduzir os juros cobrados nas operações de empréstimo.
Se os bancos usarem mesmo os R$ 300 milhões que passam a ficar disponíveis nas operações de crédito, o comércio também teria uma compensação já que, na semana passada, o BC elevou os juros em 0,5 ponto.
Reclamação – O compulsório sobre os depósitos recolhido todos os meses pelos bancos ao caixa do BC sempre foi alvo de reclamações de bancos, sob a alegação de que o dinheiro que fica parado, sem nenhuma remuneração, nos cofres do BC poderia ser usado no crédito. Mas o governo sempre foi contido na hora de baixar o compulsório por receio de que o dinheiro fosse usado pelos bancos no mercado financeiro, em investimentos.
Os R$ 300 milhões que os bancos poderão manter em seus caixas, a partir de agora, poderão ser usados, segundo o BC, onde as instituições quiserem.
A redução, anunciada uma semana após a intervenção do BC no Banco Santos, gerou suspeitas no mercado sobre a situação financeira dos bancos menores. O que foi desmentido pelo próprio presidente do BC, Henrique Meirelles, que está na Alemanha participando na reunião de ministros e bancos centrais, o G-20.
“A medida já vinha sendo estudada há dias”, disse.
Roseli Lopes