Por trás dessa guerra de marketing está a aposta das empresas num mercado que deverá crescer ainda mais este ano graças ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Quando estiver completamente implantado, o SPB vai estimular a Transferência Eletrônica Disponível (TED), um mecanismo online de transferência de crédito. Com isso, as operações com cheques e DOCs ficarão mais caras para serem processadas que as operações de transferência eletrônica, como os cartões de crédito.
Mais clientes – De olho nessa oportunidade de negócio, as administradoras de cartões de crédito querem aumentar desde já a sua base de clientes nesse mercado que faturou R$ 58,6 bilhões em 2001 e deve crescer 14% este ano.
– O SPB é um fator externo que vai incentivar ainda mais o uso do cartão de crédito – afirma Gustavo Freitas, vice-presidente de Finanças da Credicard.
Freitas acredita que os meios de pagamento eletrônicos vão crescer em função do custo menor da transação. Essa vantagem no custo, lembra o executivo, será apenas mais um incentivo num mercado em expansão.
Segundo dados da Credicard, de 1994 a 2001, o número de transações com cartões de crédito cresceu 327% no país enquanto o número de cheques compensados caiu 37%. Para maio, a empresa estima que o valor médio da compra por cartão seja de R$ 71, um aumento de 7,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Foco na classe média – São números como esses que levaram a American Express a apostar num produto voltado para a classe média. Antes associada a clientes de alta renda, a Amex lançou uma nova versão de seu cartão de olho num cliente com renda mensal de R$ 2 mil. Com o novo produto, a administradora espera dobrar a base de clientes até 2003 e aumentar o lucro líquido em 10% neste ano.
– Queremos mostrar ao usuário da classe média que ele também pode ter um cartão da nossa bandeira – diz o presidente da filial brasileira do Amex, Hélio Magalhães.
Já o Unibanco quer ter um produto para cada tipo de cliente. E em março, lançou um cartão de crédito pré-pago no qual o cliente não precisa ter conta em banco nem comprovar renda. Basta pagar uma anuidade de R$ 30 e carregar o cartão, em qualquer agência bancária, com valores que vão de R$ 50 a R$ 1 mil.
De acordo com o diretor-geral do Cartão Unibanco, Augusto Estellita Lins, em apenas dois meses o novo produto já conquistou cerca de 20 mil clientes. O objetivo é ter 300 mil clientes em 3 anos, muitos deles conquistados graças à implantação do SPB.
– Quando o SPB chegar ao varejo vai haver uma grande demanda pelo chamado dinheiro de plástico. Quando isso acontecer, também vamos estar nesse jogo – observa Lins.
Geraldo Magella