Comércio quer ampliar prazo para vender mais
Financeiras e parte do varejo poderão ampliar prazos de pagamento para tentar esquentar as vendas neste fim de ano, como estratégia para enfrentar os efeitos negativos da combinação de juros altos com queda de renda. Para o diretor da Partner Consultoria, Boanerges Freire, “é provável que ocorra algum alongamento de prazos, principalmente se as incertezas e turbulência no mercado se reduzirem após as eleições”.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, concorda. Para ele, apesar de o alongamento dos planos elevar o risco de calote, é possível que as financeiras, principalmente de veículos ou bens de maior valor, acabem recorrendo a isso. “Os prazos caíram mais de 30% a partir de maio, da média de 12 para oito parcelas em bens como móveis, eletroeletrônicos e linha branca”, analisa. No financiamento de veículos, diz, boa parte dos bancos ensaiou em junho uma redução, sobretudo nos prazos máximos, de 48 para 36 meses, mas a queda na demanda já fez com que voltassem ao nível anterior.
O presidente da Acrefi, que representa as financeiras, Ricardo Malcon, tem afirmado que é provável um aumento de prazos no financiamento de veículos. “É a forma que teremos para reduzir o peso das prestações no bolso dos clientes, e reaquecer as vendas.”
Avaliação semelhante faz o presidente da ACSP, Alencar Burti. “As lojas terão de se adaptar para conseguir vender. Uma das alternativas, que sempre aumenta o risco de inadimplência, é aumentar prazos, mas sempre acompanhando de perto o resultado disso.”