Comércio mantém expansão no mês
O cozinheiro João da Silva, de 59 anos, suspirou aliviado ao receber o comprovante de que não tem o nome inscrito entre os devedores no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Silva ouviu falar da campanha da Associação Comercial “Seu nome é o seu maior patrimônio”, que até o próximo dia 15 de abril vai circular com uma carreta por sete grandes regiões de São Paulo, e resolveu procurar o serviço no Pátio do Colégio.
A carreta itinerante faz a consulta online do nome do consumidor no sistema e oferece orientações básicas sobre como sair do endividamento e conquistar o equilíbrio do orçamento doméstico. “Tinha receio de estar com o nome sujo, pois estou brigando e deixei de pagar o condomínio. Além disso, meu nome é muito comum; mas o nome é tudo o que a gente tem”, disse o cozinheiro.
Operadora de telemarketing e estudante de biomedicina, Gabriela da Silva Magalhães, 28 anos, ao contrário de Silva, descobriu que tinha outra dívida inscrita além da única que imaginava ter no SCPC. “Pelo menos agora sei o que está acontecendo. Essa informação é muito importante para o consumidor limpar o nome na praça”, afirmou a estudante.
Gabriela faz parte de uma lista de 247.480 consumidores que tiveram os nomes enviados para o SCPC na primeira quinzena deste mês. De acordo com um estudo, que avalia o desempenho quinzenal, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a taxa de registros recebidos cresceu 8% na comparação entre esta primeira quinzena de março e igual período do ano passado.
A mesma comparação, entretanto, revela também que o índice de registros cancelados, de nomes de consumidores excluídos da lista por falta de pagamento, aumentou 9,5%. “Os números mostram que há uma estabilidade nos registros”, observou o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo. De acordo com Alfieri, a inadimplência está estável desde o início do ano passado. Um dos principais motivos é a estabilidade na economia, que mantém os empregos e a capacidade de compra dos consumidores de São Paulo.
As consultas ao SCPC, que medem as vendas a prazo, subiram 8,1% no período. Já as do SCPC Cheque, que aponta vendas à vista, cresceram 7,7%, também comparadas à primeira quinzena de março de 2007.
Para o presidente da ACSP, Alencar Burti, os dados demonstram que o varejo mantém o ritmo dos dois primeiros meses do ano. “A inadimplência está estabilizada, embora em um patamar ligeiramente superior ao do ano anterior, devido à forte renegociação de débitos”, disse.
Fecomercio – A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente com 1.360 consumidores da cidade de São Paulo, divulgada ontem, pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) mostra que, neste mês, comparado com fevereiro deste ano, o número de paulistanos endividados permaneceu em 48%.
Comparado com março do ano passado, o indicador chegou a 62%, queda de 14 pontos percentuais. A mesma pesquisa mostra que o nível de inadimplência bateu em 35%, alta de três pontos percentuais em relação ao mês anterior. A estabilidade no endividamento em março, segundo a Fecomercio, é o reflexo da super-oferta de crédito e do aumento da renda, além das altas nos indicadores de emprego.
Segundo o estudo, os mais endividados têm ganhos mensais de até três salários mínimos (55%). Já entre quem ganha de três a dez salários, a porcentagem é de 54%. Acima disso, o índice chega a 37%.
