Nelson Castro é responsável pela área financeira da De Meo Ferramentas, rede que tem 11 lojas entre a Capital e a Grande São Paulo. Metade do volume de vendas feitas pela empresa, que não divulga seu faturamento, é recebida em cheques, com um valor médio de R$ 150,00. Castro tem um desafio pela frente a partir da próxima segunda-feira, dia 22. Neste dia entra em vigor o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB, que prevê a liquidação imediata de transações, com valor igual ou acima de R$ 5 mil. Os demais valores vão continuar sendo liquidados como hoje.
Desafio – É justamente aí que começa o desafio de Castro. A rede De Meo vai continuar recebendo o pagamento de parte de suas vendas em cheques menores, compensados em 24 ou 48 horas. Mas o valor das faturas devidas a seus fornecedores, que ficam acima do teto de R$ 5 mil, segundo Castro, vão sair da conta da empresa no banco em tempo real. Resultado: “O saque que fazíamos em cima dos depósitos em cheques, mesmo não tendo sido compensados, acabou para nós”, diz Castro. Para ele, o SPB é ótimo. Pena que apenas para os fornecedores, na sua opinião.
No vermelho – A De Meo, com o novo sistema, corre o risco de ficar com seu caixa a descoberto. O risco será igual para os cerca de 400 mil pontos-de-venda de todo o País, na avaliação do consultor Mario Dias Santos, da ECR Brasil, empresa especializada em otimizar os sistemas de logística de empresas e lojas. Segundo Dias, o varejo que não estiver informatizado terá mais dificuldade para acompanhar de perto o fluxo de seu caixa. “É preciso que o comércio invista na automação e informatização de seu caixa”, alerta ele.
Saídas – Na falta de sistemas informatizados, o comércio já tem pensado em algumas saídas caseiras. “Imagino que teremos de antecipar o fluxo em um ou dois dias”, diz Castro. Ou então depositar os cheques e esperar a compensação, para depois pagar os fornecedores. Outra alternativa é a distribuição da fatura com valor acima de R$ 5 mil em várias notas, com valores menores que o teto de R$ 5 mil e assim escapar da liquidação on-line. Isto evitaria que o dinheiro do lojista saia da conta-corrente no mesmo dia. Mas vai depender dos fornecedores aceitarem a proposta.
Roseli Lopes