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Cartões de crédito serão limitados

As administradoras de cartões de crédito enviaram para o varejocartas informando que, até o final deste mês, irão bloquear pelo sistema o parcelamento das vendas acima de seis vezes sem juros. Com isso, a oferta para parcelamentos em até 12 vezes sem juros deve sair do mercado. A VisaNet, por exemplo, já não realiza esse procedimento desde o dia 8. A informação é do presidente do Submarino.com, Murillo Tavares, e foi confirmada por outras fontes do segmento varejista.

Na opinião de Tavares, a questão deve-se ao risco de inadimplência, que aumenta quando os prazos são maiores, especialmente na atual conjuntura econômica. As vendas com cartão de crédito são muito seguras para o varejo, pois as administradoras, que assumem o risco com o cliente. Por outro lado, essa limitação no crédito deve, com certeza, impactar diretamente nas vendas, para fontes do setor.

A assessoria de imprensa da VisaNet disse que o bloqueio é somente para o varejo. A operadora mantém os prazos de pagamento em até 12 vezes sem juros para a venda de pacotes turísticos e passagens aéreas. A Associação das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) informou que não tinha nenhuma posição oficial sobre o assunto até o fechamento desta edição. A American Express disse que essa prática de parcelamentos sem juros em até seis meses é a mais comum dentro da empresa. O cliente Amex, inclusive, faz, em média, compras parceladas em até três vezes sem juros.

“Essa medida vem contra a maré, pois não há crise na inadimplência”, disse o analista de crédito Álvaro Musa, sócio-diretor da Partners Consultoria. De acordo com ele, em junho, o índice de inadimplência ficou em 14,9%, abaixo de maio (15,1%) e de abril (15,2%). Há dois anos, no entanto, esse mesmo índice era de 10,7%. “As administradoras estão colocando as barbas de molho diante da atual situação político-econômica. Trata-se mais de uma medida cautelosa para evitar perdas futuras”, disse, acrescentando que será inevitável o impacto não somente no varejo, como também na cadeia produtiva.

A opinião de Musa é compartilhada por outras fontes do mercado. “Não tem sentido essa medida”, disse uma delas. “Com isso, a oferta de opções de pagamento para os clientes acaba sendo limitada e obriga as redes a aumentarem os parcelamentos para seus sistemas próprios”, acrescentou.

E, para driblar essa falta de crédito, o Submarino, por exemplo, partiu para uma solução caseira. Fez uma parceria com o Banco Continental, pertencente ao Bradesco, para oferecer parcelamento de até 24 vezes (com juros) para as compras acima de R$ 150. A nova ferramenta vem sendo usada experimentalmente pelo sistema de televendas, mas a expectativa é ampliar para o on-line em setembro.

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