As operações com cartões de crédito, de lojas (private labels) ou com os tradicionais carnês vão alavancar as vendas do varejo neste final de ano. O “Natal do crédito” é reflexo de fartura de dinheiro na praça, redução de juros, aumento da massa salarial entre 5% e 6% nos últimos três anos e parcelamentos estendidos para até 24 meses. Por meio da modalidade de crédito consignado, a Casas Bahia financia as compras para aposentados em até 48 parcelas. “A alta de 7% a 8% esperada para as vendas do Natal deste ano está baseada na expansão do crédito”, diz o diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo.
A venda a crédito para pessoas físicas neste ano deve chegar a R$ 550 bilhões, segundo o Banco Central. O volume é R$ 60 bilhões maior que o registrado em 2006. “O aumento na procura por crédito deve continuar no ano que vem”, diz a diretora da Assessoria Econômica da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), Fernanda Della Rosa. Para a entidade, as operações de crédito devem atingir R$ 610 bilhões em 2008.
Todos os grandes varejistas possuem cartão de crédito próprio e oferecem condições especiais para vendas a crédito. O grupo Pão de Açúcar, por exemplo, parcela em até 24 vezes qualquer produto das lojas com taxas a partir de 1,99% ao mês. As compras de eletroeletrônicos são realizadas em 15 vezes no cartão Extra, que oferece bônus de 10% do valor da compra para gastar na mesma loja. O private label do grupo também oferece opção de venda à vista com pagamento em 100 dias sem juros.
A Casas Bahia, além do consignado para aposentado, lançado neste mês para as festas de final de ano, oferece crédito no carnê em até 20 vezes e no cartão próprio ou os demais em dez vezes sem juros.
Riscos — Uma explicação para a busca pelos empréstimos está na demanda reprimida que apareceu com os números positivos de emprego e de renda. Depois de comprar o básico, o consumidor parte para itens mais caros, como os eletrodomésticos e eletrônicos. O problema é que o avanço do consumo pode terminar em inadimplência. “Em nossas pesquisas, 36% dos entrevistados inadimplentes dizem que estão nessa situação por falta de controle financeiro”, afirma Fernanda, da Fecomercio.
O ambiente favorável anima a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que prevê vendas 15% maiores neste Natal. Segundo a Eletros, a linha branca deve vender muito, principalmente geladeiras, microondas, lavadoras e fogões. Também estão na mira do consumidor com crédito os novos televisores e aparelhos de som, além de portáteis como ventiladores, aquecedores e equipamentos para cozinha.
O Carrefour espera vender, neste Natal, 30 mil computadores (aumento de 80% sobre a data em 2006). Para os note-books, a expectativa é de 4.000% mais vendas. O grupo Pão de Açúcar aposta no Natal das tevês de LCD e de plasma, que apresentam queda média de 30% nos preços.