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Caos no mercado estimula surgimento de nova profissão

Guarulhos, 27 de maio de 2002

arteQuem se sente perdido no labirinto de opções oferecidas pelo mercado financeiro ou ainda quem não sabe por onde começar na hora de aliviar o saldo devedor do cartão e do cheque especial tem agora a quem pedir ajuda. Trata-se do planejador financeiro pessoal, ainda pouco conhecido no Brasil, mas que nos EUA movimenta um grande mercado, com 40 mil os profissionais registrados.

O planejador é um consultor sem vínculos diretos com bancos ou corretoras e que atende pessoas físicas, planejando a vida financeira do cliente no curto, médio e longo prazos. Ele exerce uma função parecida com a de um gerente de private banking, mas com uma diferença: não está preso a um único leque de produtos nem tem que cumprir uma meta de vendas.

A função, no entanto, ainda provoca alguma desconfiança no público brasileiro, pouco acostumado a abrir informações de sua vida financeira particular a terceiros.

– O brasileiro não tem confiança em instituições de menor porte, quem dirá em um profissional independente. Essa cultura ainda não é muito difundida aqui. Muitas vezes são executivos que moraram fora que pedem nossos serviços, ou multinacionais que solicitam assessoria para seus diretores – diz o planejador financeiro Fabiano de Holanda Calil, um dos fundadores e diretor da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros Pessoais (Abrafip).

A associação pretende cadastrar os novos profissionais e submetê-los a um código de ética que garanta uma relação de confiança com o cliente.

– Vamos fazer uma avaliação ética e de conhecimento dos profissionais. Vai funcionar como um selo de procedência – diz Francis Hesse, vice-presidente da Abrafip.

Hesse compara o papel do planejador ao de um médico de família:

– Fazemos um trabalho personalizado, um diagnóstico da situação financeira, de liquidez e patrimônio do cliente e só então fazemos o planejamento com ele. Com que idade quer se aposentar, que bens planeja comprar num prazo de cinco anos etc.

Mas as atividades não se resumem aos planos de investimento. Alguns profissionais dão até mesmo aconselhamentos para planos sucessórios em empresas.

– Se você é sócio de uma companhia é importante pensar nisso antecipadamente – diz o planejador Sérgio Scovini.

Ele é otimista quanto ao futuro do mercado de trabalho para a categoria:

– À medida que a profissão for sendo conhecida, vai se abrir um vasto campo de atuação para nós.

Se não tão vasto, ao menos do tamanho do leque de pessoas que compõem o público-alvo dos planejadores: toda e qualquer pessoa que precise de orientação financeira. Algumas delas, com profissões insuspeitadas.

Carlos Vasconcellos