O Brasil foi o país da América Latina com o maior número de recursos aplicados em janeiro. A indústria de fundos registrou captação líquida (depósitos menos saques) de US$ 3,107 bilhões.
O resultado reforça a idéia de que a economia brasileira já conseguiu se descolar da crise argentina, atraindo novamente os investidores. A captação atingida pelo Brasil foi ainda quase dez vezes superior à da indústria de fundos mexicana, que ficou na segunda posição do ranking da América Latina – em termos de recursos aplicados em janeiro -, com um total de US$ 381,33 milhões.
Os dados constam de estudo divulgado pela Thomson Financial Invest Tracker. Instabilidade – “A América Latina conseguiu resguardar a sua indústria de fundos de investimentos das lentes pessimistas que insistiam em antever um quadro de instabilidade para as aplicações”, disse Henrique Garcia Spinosa Neto, vice-presidente da Thomson Financial Brasil. A Argentina, por outro lado, deu continuidade ao processo de perdas de recursos. Os fundos de investimentos local registraram em janeiro saques de US$ 881,41 milhões. “A decisão da Argentina de eliminar a paridade da moeda local com o dólar, realizou importante ruptura que provocou reflexos sobre a cultura econômica do país vizinho, mas não impediu que os fundos na região somassem um patrimônio de quase US$ 190 bilhões, com uma importante novidade: a fatia desse volume que se refere ao Brasil, voltou a beirar o patamar próximo de 80%”, diz Spinosa Neto.
Descolamento – Em 2001, a indústria de fundos de investimento na América Latina realizou uma captação líquida de US$ 8,08 bilhões, enquanto na Argentina os saques superaram as aplicações em US$ 4,77 bilhões. A proximidade com a Argentina acabou respigando na economia brasileira e ampliou a desvalorização do real. No ano passado, a indústria de fundos de investimento no Brasil fechou com captação líquida negativa em US$ 88,76 milhões. Os resultados de 2002 confirmam, porém, que já está em andamento um descolamento da economia brasileira da argentina. O Chile também apresentou captação negativa no primeiro mês de 2002, a exemplo da Argentina, com perdas de US$ 128,73 milhões. Já o Peru conseguiu fechar o mês no azul, com ganhos de US$ 50,39 milhões.
Juros altos – No Brasil, por conta dos juros elevados, os investidores concentraram os recursos em renda fixa, que ficou com 65,42% do total dos depósitos. As maiores captações foram realizadas pelo Banco do Brasil (US$ 1,348 bilhão); Bradesco (US$ 1,100 bilhão); Santander-Brasil (US$ 442,98 milhões); Caixa Econômica Federal (US$ 306,22 milhões) e no México, pelo Banamex do México (US$ 276,40 milhões).
Adriana Gavaça
