Brasil recupera exportações de cadernos aos Estados Unidos
As exportações brasileiras de cadernos chegaram a US$ 82,4 milhões em 2006, quase o dobro do melhor resultado anterior, em 2004, quando foram vendidos para o mercado externo US$ 47,2 milhões. A evolução significativa só foi possível porque as empresas nacionais recuperaram mercado dentro dos Estados Unidos, perdido anteriormente para a China. O país asiático, em 2006, passou a sofrer ações antidumping movidas pelo governo do presidente George W. Bush.
Em 2005, os cadernos chineses começaram a entrar com força nos Estados Unidos, mercado que até então respondia por mais de 80% das vendas brasileiras do produto. Com preços que chegavam a ser 25% inferiores aos dos cadernos brasileiros, a China ocupou este espaço. As exportações brasileiras, que em 2004 haviam atingido US$ 47,2 milhões, recuaram para US$ 32,5 milhões em 2005. “A salvaguarda americana vai continuar em 2007, o que nos faz prever um desempenho parecido ao alcançado em 2006”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Mário César de Camargo.
Ainda assim, o perigo chinês está longe de ter sido superado. Segundo o presidente da indústria gráfica Jandaia, Ivã Bignardi, “a China vem redirecionando as vendas das gráficas que controla no Vietnã para o mercado norte-americano”. Apesar de ser a principal concorrente brasileira no mercado externo, a produção chinesa de celulose só consegue suprir a demanda interna do país. Para fazer os cadernos que competem com os brasileiros, a China precisa comprar papel e celulose, inclusive do Brasil. “Os subsídios do governo chinês e a mão-de-obra barata daquele país permitem um produto final com preço baixo”, diz Bignardi. A Jandaia, que em 2005 havia exportado US$ 5 milhões em cadernos, aumentou para US$ 15 milhões suas vendas externas em 2006, após a salvaguarda americana. Cerca de 40% da produção da empresa é exportada.
No mercado interno, a concorrência chinesa no segmento de cadernos e produtos do setor gráfico em geral é pequena. Dos US$ 212,4 milhões importados pelo Brasil em 2006 em produtos gráficos, apenas US$ 1,5 milhão veio da China, principalmente em forma de livros. Ainda assim, o competidor asiático tem feito fortes incursões no Brasil. Na última Escolar Paperbrasil, principal feira do setor gráfico brasileiro direcionado a papelarias, que aconteceu em meados do ano passado, das 20 empresas estrangeiras que compareceram, 14 vieram da Ásia.
Demanda – Os cadernos são o principal produto exportado pelo setor gráfico. No ano passado, as vendas externas de cadernos representaram 30% dos R$ 580 milhões exportados pelas indústrias gráficas. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor em 2006 foi de R$ 17,5 bilhões. A força dos cadernos nas exportações se deve à sazonalidade da demanda. Enquanto a demanda interna cresce no início do ano, o período escolar mais forte no Hemisfério Norte é no segundo semestre.