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Brasil quer revitalizar comércio com Iraque

Guarulhos, 14 de julho de 2004

O Itamaraty e empresários iraquianos no Brasil já começaram a se movimentar para garantir um volume maior de comércio com o Iraque, se e quando as condições de segurança no país permitirem.

O Ministério das Relações Exteriores está mandando ao Oriente Médio um enviado especial ao Iraque, que vai acompanhar, da capital jordaniana, Amã, a evolução política no país vizinho.

Com base na embaixada do Brasil na Jordânia, o ministro Paulo Joppert Crissiúma vai iniciar em agosto a formação de um núcleo para acompanhar a transição política no Iraque e identificar oportunidades comerciais.

Empresas brasileiras, como a Petrobras e a Mendes Junior, já tiveram no passado forte presença no Iraque, e o Brasil quer reconquistar esse espaço.

Custos e Privatização

Assim como a ONU e algumas representações diplomáticas de outros países, o governo brasileiro concluiu que manter seu pessoal destinado ao Iraque em Amã pode ser menos caro e mais produtivo.

Um levantamento recente mostra que manter funcionários no Iraque pode custar até US$ 5 mil por dia. O custo é ainda maior para diplomatas que, pelo caráter político de seu trabalho, têm o seguro de vida ainda mais inflacionado em países de risco.

Mesmo com a transferência do poder para o governo interino iraquiano, o Brasil ainda está fora da lista dos países que podem concorrer a contratos para obras de reconstrução, que tem um orçamento previsto de US$ 18,6 bilhões dos Estados Unidos.

Mas os problemas enfrentados pelas empresas operando no Iraque – ataques sistemáticos e seqüestros – permitiram que apenas US$ 1 bilhão dos US$ 2,3 bilhões alocados até agora para essas obras tenha sido gasto até março.

Neste momento, o maior interesse do governo e da iniciativa privada brasileiros é em relação às possíveis privatizações no Iraque.

“Em um primeiro momento as possibilidades comerciais são reduzidas, praticamente nulas, porque só os países que participaram do esforço de guerra poderiam fazer parte do processo de reconstrução. Mas o objetivo do governo, ainda sob o domínio americano, era de privatizar a economia iraquiana”, analisa um diplomata brasileiro.

O Itamaraty quer promover em breve uma reunião com empresários iraquianos e uma missão de empresários brasileiros na Jordânia.

Trocas

Do lado da iniciativa privada, o primeiro contrato de exportação já sob o novo governo foi o de exportação de 70 caminhões de coleta de lixo do Grupo Planalto e da Usimeca, no valor de US$ 2,8 milhões, de acordo com o presidente da recém-criada Câmara de Comércio Brasil-Iraque, Jalal Chade.

A Câmara, formada por iniciativa de cerca de 200 iraquianos radicados no Brasil, está otimista com o potencial de crescimento do comércio bilateral entre os dois países e está mediando a associação de empreiteiras iraquianas com construtoras brasileiras para concorrer a licitações.

Chade também acredita que, com o controle das fronteiras, a fixação de alíquotas de impostos por parte do Iraque e a instrução por parte do governo brasileiro de que empresários interessados em exportar para o Iraque busquem um certificado da Câmara de Comércio, vai ser possível avaliar com mais precisão a entrada de produtos brasileiros no Iraque.

“É difícil ter números porque, como as fronteiras estavam abertas, os produtos entravam livremente no Iraque. O frango brasileiro estava sendo exportado do Kuwait e dos Emirados Árabes”, exemplifica Chade.

A Câmara de Comércio está tentando articular para agosto a ida ao Brasil de representantes da Federação das Câmaras Comerciais do Iraque e do Ministério da Indústria e do Comércio iraquiano.

Cassuça Benevides