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Brasil poderá liderar países contra o G-8

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderá ser chamado a liderar um grupo de países em desenvolvimento para se opor ao G-8 (grupo das oito maiores economias do mundo) e tentar fazer com que temas relacionados ao desenvolvimento e redução de pobreza entrem na agenda da comunidade internacional.

A iniciativa de criar esse grupo, composto de cerca de 20 países, está sendo negociada pelos governos africanos, principalmente da África do Sul, Egito e Senegal. A criação está sendo apoiada pelo governo da Suíça e deve ter a participação de Índia e China.

A primeira reunião do novo bloco está sendo programada para ocorrer no final de maio, na Suíça, paralelamente ao encontro do G-8, que será realizado na cidade de Evian, na França. O convite ao Brasil para fazer parte do grupo deverá ser feito nas próximas semanas, quando a composição final do bloco estiver negociada.

A presença de Lula, porém, é considerada estratégica para os objetivos do grupo. A popularidade internacional do presidente brasileiro poderia trazer a atenção da mídia estrangeira e mesmo dos governos das grandes economias.

Mas caso o grupo de fato se torne um bloco de oposição ao G-8, não será a primeira vez que os países em desenvolvimento tentarão se unir para que sua voz seja ouvida no cenário internacional. Nos anos 70, ganhou força a idéia do G-77 (grupo dos países em desenvolvimento) que reivindicava uma nova ordem econômica internacional. O grupo acabou se enfraquecendo diante das disparidades de desenvolvimento e, portanto, dos interesses, de cada um dos seus membros.

Em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criado o G-22, composto pelos oito maiores países do mundo e outras 15 economias emergentes, entre elas o Brasil. O objetivo era estabelecer um fórum no qual os paises pobres tivessem a oportunidade de dialogar com os líderes mundiais.

Brasília usou o fórum para defender uma das idéias principais reivindicadas por Fernando Henrique: o estabelecimento de um controle mínimo de capital no sistema financeiro internacional. Apesar das boas intenções do bloco, as idéias defendidas pelas economias emergentes nunca chegaram a ser plenamente acatadas pelo G-8.

Jamil Chade

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