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Brasil pode ter falta de matéria-prima

O Brasil viverá uma crise de abastecimento no médio prazo se o dólar continuar acima de R$ 3, porque as empresas não conseguirão pagar credores nem comprar matérias-primas, afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens Laminadas Flexíveis e da Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa. “Os custos estão subindo muito, mas não há condições de repasse de preços. A única maneira é diminuir a produção e readequar o quadro de funcionários”, afirmou.

Ele criticou duramente os bancos, a quem acusa de estar entre os principais motivadores da alta do dólar. “Quem está comprando são os bancos. De janeiro até agora, a maxidesvalorização chegou a 51%. Nem o Delfim (Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda) conseguiu isso. Os bancos é que estão realizando lucros”, afirmou. De acordo com ele, a solução para a crise não é um acordo com o FMI. “É o governo governar, tomar as medidas que precisam ser tomadas, mesmo que sejam duras”, afirmou.

Adria

A Adria Indústria de Alimentos do Brasil enviou ontem para os supermercados uma nova tabela de preços, com reajuste de 10% em sua linha de massas. É o segundo aumento promovido pela empresa. O primeiro ocorreu no dia 1º de julho, depois de 12 meses sem mudança nas planilhas.

De acordo com o presidente da empresa, Sérgio Almeida, os reajustes foram motivados pela alta de preços na cadeia de trigo, que sofreu baixas de produção no mundo todo. Além disso, a Argentina, tradicional fornecedora do Brasil, interrompeu as vendas para o País este ano. “O custo do trigo subiu 50% desde janeiro”, disse Almeida. Segundo ele, a farinha representa até 70% do custo do macarrão. A alta do dólar, por outro lado, ainda não pressionou os custos da empresa. “Acreditamos que esta subida do dólar seja transitória, não estamos preocupados”,afirmou.

Almeida avalia que a Adria deve cumprir sua meta de aumentar em 26% o faturamento, fechando o ano em R$ 390 milhões, apesar da conjuntura instável. “Ninguém vai deixar de comer macarrão”, acredita.

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