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Brasil pode ter de economizar combustível

Se a provável guerra ao Iraque se estender, o Brasil deve recorrer a campanhas de racionalização do uso de combustíveis. Com a alegação de que a dependência externa na compra de petróleo é pequena e de que há fontes alternativas fora da área de conflito, o país não tem um plano de contingência para garantir o abastecimento.

Em caso de emergência, especialistas e executivos dizem que a redução do consumo resolveria um eventual problema de fornecimento. Atualmente, o Oriente Médio é responsável por apenas 19% das importações totais feitas pela Petrobras em contratos de longo prazo. São 65 mil barris por dia que vêm da Arábia Saudita. Outros 30 mil barris por dia são comprados eventualmente no Iraque, mas sem contratos, no mercado spot (à vista), informa a estatal.

Mas, dentro da empresa, é consenso que há alternativas ao fornecimento da região, como a África – de onde vêm 52,36% do petróleo importado pelo país – e a América do Sul, principalmente a Argentina.

A Petrobras não comentou o assunto, mas segundo informações extra-oficiais da empresa, um programa de racionalização do consumo seria ideal para reduzir o risco de desabastecimento em caso de uma guerra longa.

Para o consultorDavid Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), há espaço para uma redução entre 10% e 20% no consumo brasileiro de combustíveis. O professor da Universidade de São Paulo e especialista em energia Ildo Sauer – que está sendo cotado para a direção de Gás e Energia da Petrobras – também é favorável a uma campanha de racionalização.

Mas não acredita que a guerra entre Estados Unidos e Iraque provoque sérios estragos.

O país produz atualmente 1,56 milhão do 1,87 milhão de barris de petróleo que consome por dia. Mas, por falta de capacidade em suas refinarias, a Petrobras importa cerca de 30% do diesel e do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, que vende. Por isso, Sauer acredita que é necessária a criação de um plano de contingência para situações de crise mundial.

O pior para o brasileiro é que, mais que a falta do combustível, ele pode sentir a alta nos preços. Há uma expectativa no mercado de que um reajuste pode ser feito nos próximos dias, com porcentuais de até 13% para o diesel e de cerca de 7,5% para a gasolina. A estatal, porém, não confirma o aumento e pode esperar uma definição no mercado para definir se reajustará ou não.

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