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Brasil não lucra com patente, afirma Fernando Henrique.

O presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu a crítica feita por um funcionário americano com status de ministro de que o interesse do Brasil em quebrar patentes teria fundo econômico.

“Interesse nosso específico em fazer lucro com isso [a quebra de patentes] é nenhum”, afirmou, em entrevista nos EUA.

Enquanto FHC e o presidente norte-americano, George W. Bush, conversavam sobre as afinidades de intenções comerciais dos dois países em Nova York, um comandado do segundo criticava duramente a política do primeiro em Doha (Qatar).

Em entrevista publicada sábado pelo “The New York Times”, o representante de comércio norte-americano, Robert B. Zoellick, enviado dos EUA à Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), sugeriu que os interesses que movem o Brasil a querer a quebra de patentes de remédios são muito mais comerciais do que morais.

“Se com interesse (comercial) ele quer dizer comprar mais barato para poder atender mais gente, certamente”, respondeu FHC em entrevista na noite de sábado, em Nova York.

“Agora, interesse nosso específico em fazer lucro com isso é nenhum.”

Ambos se referem ao empenho da equipe brasileira em Doha para tentar conseguir que a Organização Mundial do Comércio faça declaração específica em relação à quebra de patente de remédios quando a saúde pública estiver em jogo _como no caso dos pacientes de Aids brasileiros, que recebem medicamento gratuito.

“É questão posta na mesa, reafirmamos nossa posição”, disse o presidente brasileiro.

“Não vamos recuar dela, até porque já a estamos praticando. Mas teremos capacidade política e tenacidade para buscar uma solução.”

FHC disse ainda que discutiu no sábado com Bush a questão do “fast track”, agora rebatizado de TPA (Trade Promotion Authority, ou Autoridade para a Promoção do Comércio).

“Ele está confiante de que isso possa avançar, tanto na parte de agricultura quanto na de antidumping.”

Dólar baixo

FHC afirmou também que há a possibilidade de o dólar baixar mais em relação ao real: “Pode baixar mais? Pode, não há limite para isso”.

Segundo o presidente, “o sistema de câmbio flutuante não pode ser lido como só subindo; sobe e desce”.

“Foi o que aconteceu, e muita gente não acreditava nisso”, afirmou.

“Desceu e, ao descer, quem especulou perdeu. E é bom que perca, senão fica um jogo em que só tem um ganhador, e esse ganhador não é o Brasil.”

Instado a fazer uma previsão do valor da moeda até o final deste ano, FHC declinou: “É muito difícil fazer projeções num mundo globalizado, que é comandando em larga medida por isso aqui [apontando para a câmera da TV Globo, presente na entrevista]”.

FHC disse ainda que discutiu com o presidente do México, Vicente Fox, a retomada das negociações do acordo de preferência tarifária. “Isso está avançando setor por setor”, afirmou. E negou que a posição do Brasil fosse um empecilho à Alca (Área de Livre Comércio das Américas): “Está sendo negociada. Marcamos a data do início para 2005”.

Quanto à Argentina, FHC desmentiu que fosse se encontrar particularmente com o presidente Fernando de la Rúa: “Nós nos veremos num jantar, só”.

Indagado se estava impaciente com o país por ter se referido secamente à Argentina quando de sua visita à Washington, FHC brincou: “Eu, impaciente? Se eu sou paciente com vocês! [se referindo aos jornalistas].”

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