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Brasil descarta sofrer represália dos EUA por apoiar paz

A guerra no Iraque não tirou o sono das autoridades brasileiras pelo menos até agora. Mesmo que o conflito tenha sido levantado marginalmente nos encontros da reunião anual do BID, que acaba nesta quarta-feira, 26, os representantes do governo presentes em Milão nesta semana demonstraram uma perfeita sintonia quando indagados sobre o tema.

No seminário “Perspectivas Econômicas para o Brasil”, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que “encara o conflito com tranquilidade” e foi aplaudido pela platéia de 250 pessoas ao declarar que “o Brasil não vai sofrer nenhuma represália comercial dos EUA por apoiar a paz”.

No mesmo seminário, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, já havia declarado que uma das prioridades do governo Lula é “lutar pelo mercado americano”.

Furlan lembrou que, mesmo no caso de o preço do petróleo explodir, o Brasil não teria muito com que se preocupar, uma vez que o país já produz 90% do que consome.

Seu temor, no entanto, é que as consequências da guerra sejam mais relevantes nas negociações ora em curso na OMC (Organização Mundial do Comércio), uma vez que os principais “players” encontram-se divididos.

Segundo ele, o racha dentro da UE, entre Reino Unido e Espanha versus França e Alemanha, assim como da Europa em relação aos EUA, pode comprometer a próxima reunião ministerial da OMC, em Cancún, em setembro.

O ministro fez questão de enfatizar que o Mercosul começa a ressuscitar o volume de vendas do Brasil para a Argentina, disse Furlan, já bateu os US$ 350 milhões no primeiro trimestre. Além disso, o governo mantém seu interesse em explorar as relações com “terceiros mercados”. O comércio com a China teve um aumento de mais de 40% no último ano, por exemplo.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, por sua vez, limitou-se a fazer uma análise das reações dos mercados, explicando que o conflito foi precificado antes de seu início e reavaliado de maneira eufórica em seus primeiros dias.

“Mas o que está acontecendo agora é pior do que se esperava, e não está em nossas mãos tentar ser experts militares a esta altura.”

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