Está 100% decidido: as metas de inflação de 2003 e 2004 não serão mudadas, mesmo que as chances de cumprimento, especialmente neste ano, sejam reduzidas. A informação está contida no discurso pronunciado pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, na sua posse, e será ainda mais explicitada em breve.
Palocci disse que serão adotadas “medidas de política monetária que garantam a convergência dos índices de inflação às metas já definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional)”. Isto significa que a meta de inflação para 2003 é de 4%, com margem de tolerância até 6,5%, e que a meta de 2004 é de 3,75%, com margem até 6,25%. O BC trabalha com zero de possibilidade de que o IPCA (o índice meta) fique em 4% neste ano, mas considera que há uma pequena, mas não desprezível, possibilidade de que possa não ultrapassar o limite superior de 6,5%, no caso de um cenário excepcionalmente positivo em termos de câmbio e de outros fatores macroeconômicos.
Os defensores de uma nova mudança de meta de 2003 alegam que ela é fixada para guiar as expectativas. Se há um consenso no mercado de que, muito provavelmente, a inflação deste ano ficará acima do teto de 6,5%, aquele objetivo de ancorar as projeções deixa de ser cumprido.
O BC, porém, raciocina de forma diferente. Ele admite que a perda de credibilidade no limite superior de 6,5% prejudica a orientação das expectativas que o sistema pretende realizar. Mas a opção de mudar a meta, pela segunda vez, também é prejudicial à credibilidade do sistema. Esta nova alteração passaria a impressão de que é a meta que persegue a inflação, e não o contrário (que é o correto).