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BC fará pesquisa sobre lucro de empresas em 2001

Guarulhos, 10 de abril de 2002

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, informou que pediu a sua equipe técnica um levantamento da rentabilidade patrimonial de empresas não-financeiras em 2001, para fazer uma comparação com o desempenho dos bancos no mesmo período. O lucro dos bancos em 2001 foi mais uma vez tema de questionamentos feitos ao presidente do BC, durante uma aula na Universidade de Brasília. O presidente do BC disse que a rentabilidade patrimonial dos bancos em 2001 foi de 16%, e ele ressaltou que foi menor do que a taxa de juros no mesmo período.

“Por esse dado, não se pode chegar a conclusão de um megalucro”, disse ele, acrescentando que esta é uma preocupação do BC. “Um banco que não tivesse feito nada e só tivesse aplicado no CDI teria tido uma rentabilidade de 17,5% ao ano”, completou. Ele ressaltou que esse levantamento é natural, e não se trata de uma fiscalização. Há uma margem fina, segundo ele, entre “um sistema saudável e competitivo e, ao mesmo tempo, sem monopólio”.

“Temos de acompanhar para ver a rentabilidade. É importante observar se os bancos estão mal capitabilizados. E temos de evitar práticas monopolistas que levem a lucros excessivos”, disse. Segundo ele, o BC está discutindo com o Cade a formulação de um projeto de lei para inserir o órgão de concorrência dentro das discussões de fusões e aquisições no setor financeiro. Ele lembrou que tem havido uma disputa grande com o Cade sobre as regras de concorrência. Esse projeto trará discussões sobre especificidades.

Argentina

Armínio Fraga afirmou que a melhor ajuda que o Brasil pode dar à Argentina é uma economia forte. Ao ser questionado sobre a possibilidade de auxílio financeiro à Argentina, o presidente do BC comentou que isso seria “algo impensável”, ressaltando que Brasil está saindo de dificuldades. “O que nos resta é apoiar publicamente os projetos de nosso vizinho, sem entrar em detalhes. O que podemos dar de melhor para a Argentina é uma economia sólida. Não temos como ir mais do que isso”, disse.

Sobre a proposta de adoção de uma moeda única entre os países do Mercosul, Armínio repetiu que em algum momento esta possibilidade deve ser explorada. Ressaltou, no entanto, que faz questão de não colocar a discussão sobre moeda única no momento atual, em que a “Argentina precisa de paz de espírito e força” para resolver seus problemas.

Adriana Fernandes