Com a melhora dos indicadores econômicos, as apostas em torno de um novo aumento da taxa de juro (Selic) perderam força. A maioria dos economistas acredita agora que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deverá manter em 26,5% a taxa básica de juros da economia na reunião desta terça(18) e quarta-feira(19). O principal motivo para a mudança de impressões do mercado foi o recuo da taxa de câmbio e a sinalização de queda dos índices de inflação.
– O mercado entrou em um clima de maior otimismo. A inflação caiu forte. Não há disposição para aumentar os juros. Politicamente não seria bom para o BC – afirma o analista Vladimir Caramaschi, do Banco Fator.
Somente na semana passada, a cotação do dólar apresentou uma queda de 2,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo variou 1,57%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – menos que os 2,25% verificados em janeiro.
Para o economista Hugo Penteado, o alto patamar da inflação impede que o Copom reduza a Selic em sua próxima reunião. Segundo ele, “é melhor corrigir o problema da inflação no curto prazo para não pagar caro no futuro”.
Apesar da melhora no cenário, o economista-chefe do Banco ING, Marcelo Salomon, acredita que o Copom vá promover um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.
– A inflação está caindo, mas ainda está em um nível elevado – diz.
Segundo ele, o juro só deverá voltar a cair a partir de maio, após a solução da crise internacional entre Estados Unidos e Iraque e o dólar regredir para os R$ 3,30.
Um dos fatores que vem contribuindo para o cenário otimista no mercado interno é a melhora do risco país. Isso mostra que o forte ajuste das contas externas começa a ser percebido como sustentável pelos investidores. Entre 2001 e 2002, o déficit em transações correntes caiu de US$ 23,213 bilhões para US$ 7,757 bilhões.
A projeção do governo para 2003 é de um déficit de US$ 5,6 bilhões. Os ganhos comerciais com a desvalorização do real levam especialistas, no entanto, a apontar números inferiores. Segundo uma fonte do governo, não há razão para uma economia que está vivendo um ajuste tão forte em seu balanço de pagamentos ter um risco país tão elevado.