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Balança tem déficit semanal

Guarulhos, 26 de fevereiro de 2008

Depois de quase seis anos sem números negativos nos saldos semanais, a balança comercial brasileira fechou a quarta semana de fevereiro com déficit de US$ 81 milhões. Nesse período, as importações, de US$ 3,724 bilhões, superaram as exportações, de US$ 3,666 bilhões. Nos registros da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o déficit semanal anterior era do mês de maio de 2002.

Na semana passada, as importações bateram recorde semanal, especialmente por causa das aquisições de combustíveis e lubrificantes, itens que voltaram a liderar a pauta de importações brasileiras.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, tentou rebater as interpretações de que a balança tende a apresentar saldos positivos cada vez menores e, depois, passar a ter déficit. Para ele, os dados da última semana representam uma situação excepcional, que atribuiu ao aumento do preço do petróleo e à retomada das compras de trigo da Argentina. O ministro citou ainda o impacto da alta das importações de bens de capital, decorrente do dólar mais barato. “O déficit semanal da balança não é uma tendência, não é um problema estrutural”, disse.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, concordou com a análise do ministro. Porém, de acordo com ele, a tendência é de que o ritmo das importações seja mais acelerado do que o das exportações. “Ao longo do ano, outras semanas podem apresentar déficit. Mas não acredito que chegaremos a ter um mês com saldo negativo na balança comercial porque os preços das commodities estão muito elevados”, disse.

No mês O saldo acumulado da balança comercial nas quatro semanas de fevereiro foi positivo: alcançou US$ 976 milhões – menos da metade do registrado em igual período de 2007. As exportações somaram US$ 9,819 bilhões, com média diária de US$ 701,4 milhões, volume recorde para meses de fevereiro. As importações chegaram a US$ 8,843 bilhões, com média diária de US$ 631 milhões, 57,2% maior do que a apurada em fevereiro do ano passado.

Desde 1º de janeiro, o resultado acumulado na balança comercial é de US$ 1,92 bilhão. Em igual período do ano passado, o superávit estava em US$ 4,997 bilhões. A AEB estima que o superávit comercial brasileiro em 2008 será de US$ 30 bilhões, ante US$ 40 bilhões no ano passado.

Normalmente avesso a fazer previsões para o saldo das transações comerciais do País com o exterior, o Ministério do Desenvolvimento anunciou ontem a revisão de sua estimativa para as exportações, antes fixada em US$ 172 bilhões. De acordo com o ministro Jorge, beneficiados pelo aumento de aproximadamente 65% nos preços do minério de ferro vendidos pela Vale do Rio Doce, os embarques brasileiros devem atingir de US$ 175 bilhões a US$ 180 bilhões neste ano. Em 2009, devem chegar a US$ 200 bilhões.