O índice de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), termômetro das vendas a prazo, registrou queda de 9,3% em 2009 na comparação com o ano anterior, como mostra levantamento realizado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Apesar do desempenho negativo, o presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, chama a atenção para a mudança de comportamento do SCPC.
“Confirmando nossas expectativas, houve uma melhoria contínua dos indicadores ao longo do ano, como reflexo da redução da taxa de juros do Banco Central (BC) e da desoneração de tributos, notadamente do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), nos setores de veículos, linha branca e materiais de construção”, disse. Ele destacou ainda o movimento de recuperação no volume de vendas financiadas.
No primeiro semestre de 2009, houve uma retração de 12,6% nas consultas ao SCPC, sempre em relação a igual período do ano anterior. No segundo, a queda foi de 6,2%. Já em dezembro, foi registrado aumento de 5% (veja quadro).
Outro lado
Se as vendas a prazo patinaram, as consultas ao SCPC Cheque, indicador das compras à vista, fecharam 2009 com crescimento de 1,2%. Também nesse caso, a recuperação foi evidente. No primeiro semestre, houve queda de 2,8%. No segundo, a expansão foi de 4,6% e no último mês do ano, de 7,4%.
O economista do IEGV, Emílio Alfieri, destacou outro dado positivo verificado no ano passado, o de registros cancelados, ou seja, o movimento de consumidores que conseguiram saldar suas dívidas e sair do cadastro de inadimplentes. Em dezembro, em relação a igual período de 2008, o crescimento foi de 17,5% e no ano, de 4,7%. “A recuperação aconteceu durante todo o ano e explodiu em dezembro em razão da queda dos juros e da redução dos impostos”, disse.
Alfieri também reforçou o fato de os indicadores terem começado o ano com desempenho muito negativo em função da crise internacional, iniciada em setembro de 2008 nos Estados Unidos e que abalou a economia mundial no início de 2009. Apesar dos problemas, o volume de registros recebidos – ou seja, o número de pessoas que tiveram seus nomes inscritos no cadastro de inadimplentes – também se reduziu ao longo do ano passado. No primeiro semestre, houve um crescimento de 5,9%. No segundo, a queda foi de 0,5% e em dezembro, de 3,4%. Resultado: 2009, fechou com um crescimento de 2,7% no número de registros recebidos, inferior aos 4,7% dos cancelados.
Perspectivas
Para Alfieri, o comércio varejista começou 2010 com o mesmo ritmo observado no final do ano passado, quando se registrou aumento das consultas tanto para as vendas a prazo como para os negócios à vista. “Este panorama se confirmará se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrar crescimento acima de 5%, situando-se entre 5,8% e 6%. Acredito que as consultas poderão ficar entre 2 e 3 pontos percentuais acima do PIB, desde que não aconteça nada no mercado externo”, explicou.