“O preço do petróleo vem subindo com a ameaça de ataque americano ao Iraque e a gasolina vai a reboque”, disse Leonardo Caldas, da consultoria Atef. Desde 7 de fevereiro, quando a estatal fechou o reajuste de 2,28%, o preço médio da gasolina nos Estados Unidos subiu 2,16% em reais, segundo um executivo de uma empresa que opera no Brasil.
A Petrobras calcula o preço com base no mercado internacional de gasolina e na cotação do dólar no País, fazendo uma média das duas semanas anteriores ao anúncio do reajuste. Para chegar à redução de 25% anunciada no fim de dezembro, a estatal contou com a gasolina a US$ 0,491 por galão nos Estados Unidos e dólar a R$ 2,3538, o que dava um preço médio de R$ 0,3053 por litro. No dia 7 de fevereiro, os cálculos da companhia chegaram a um preço médio, no Brasil, de R$ 0,3432 por litro, baseados na gasolina norte-americana a US$ 0,5359 por galão e dólar a R$ 2,420.
O preço do petróleo lá fora é obtido em agências como as norte-americanas Platts e Argus, que levantam entre os agentes do mercado os valores das transações diárias e informam aos clientes. Um executivo que utiliza o programa calculou, a pedido da Agência Estado, a variação do preço da gasolina desde 7 de fevereiro, período que será utilizado para as novas análises da Petrobras. O dólar pouco variou, mas a gasolina no mercado norte-americano atingiu uma média de US$ 0,545 por galão, o que daria um preço de R$ 0,3506 por litro no Brasil.
Somada a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), de R$ 0,5011 por litro, o preço de venda pela Petrobras poderia chegar a R$ 0,8517, valor 6,27% superior aos R$ 0,8064 vigentes em janeiro (também com o imposto). Ao decidir pelo aumento de 2,28%, porém, a companhia não repassou os 4,7% que poderia repassar levando em consideração a evolução da gasolina nos Estados Unidos e do dólar. É pouco provável, na opinião do mercado, que o faça agora.
Na opinião de uma fonte, a empresa reduziu demais os preços em janeiro e agora busca uma compensação e, por isso, não precisaria acompanhar tão de perto os preços no mercado externo. O diretor-financeiro da companhia garantiu que a empresa mantém autonomia para definir preços. “Vamos praticar a política de preços da forma que acharmos correta, mas sempre vai gerar aplausos ou reclamações”, afirmou Batista. As oscilações serão mais frequentes, disse, e sempre acompanharão o mercado internacional.
Nicola Pamplona e Mônica Ciarelli