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Aumento de imposto deve reduzir vendas

A perspectiva de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) está preocupando os empresários do comércio, que já começam a rever a expectativa de melhoria do desempenho do setor a partir de maio. “Estamos perplexos com a possibilidade de elevação da alíquota”, disse o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Sebastião Mauro Figueiredo Silva.

Segundo ele, as conseqüências negativas para o comércio vão ocorrer no crediário e até mesmo na falta de estímulo do consumidor, que “acaba se retraindo com medo de ficar inadimplente”. Para Figueiredo Silva, caso o aumento seja confirmado, os segmentos mais afetados serão as próprias financeiras que trabalham com o comércio e as lojas de móveis, automóveis e eletrodomésticos.

Ele explicou que os lojistas esperavam melhora nas vendas a partir de maio por causa da coincidência de eventos importantes para o setor como Dia das Mães, lançamento das coleções de inverno e proximidade da Copa do Mundo. “As vendas de televisores para a Copa, por exemplo, serão prejudicadas”, disse.

Impacto imediato

Concorda com ele o economista do Instituto Fecomércio do Rio de Janeiro e da PUC-RJ, Luiz Roberto Cunha. Para ele, o aumento temporário do IOF terá “impacto muito forte sobre a atividade econômica, especialmente o comércio”. O argumento é que as mudanças nas taxas de juros não têm conseqüências imediatas no comércio, enquanto qualquer alteração no IOF tem “impacto imediato” sobre o setor. Os segmentos mais afetados, segundo Cunha, serão os bens duráveis, especialmente eletrodomésticos e automóveis. “Quanto mais alto o valor do produto, maior a necessidade de financiamento e, portanto, os efeitos”, disse.

Cunha lembrou que o comércio vem registrando quedas consecutivas nas vendas. “O setor está demorando a deslanchar e o IOF será um impacto adicional”, afirmou. O comércio varejista amargou queda de 1,25% nas vendas nos últimos 12 meses até fevereiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor vem apresentando quedas consecutivas nas vendas desde abril do ano passado, trajetória só interrompida em outubro em conseqüência do Dia das Crianças.

Jacqueline Farid

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