Atenção antes de optar pelo leasing
A decisão por um leasing na hora de comprar um bem somente deve ser tomada depois de alguns cuidados. Advogados recomendam que o financiamento não seja feito com correção atrelada ao dólar, que taxas de outras modalidades sejam pesquisadas e que os contratos sejam lidos com atenção, para que não se pague juros maiores do que se deve.
Na opinião de Milton Zlotnik, advogado de direito civil e do consumidor, o leasing no Brasil é um forma de financiamento, enquanto que, em outros países, funciona mesmo com uma forma de aluguel de um bem, com possibilidade de compra. Atualmente, é possível encontrar financiamentos mais baratos que o leasing, mas a modalidade é válida para quem deseja prazos mais longos.
O funcionamento correto do leasing, de acordo com o advogado, é o parcelamento de um percentual do valor – em geral, de 80% – sendo o restante pago ao final das parcelas.
– Só que as instituições de leasing embutem o resíduo nas parcelas, aplicando juros maiores. É como se usassem determinada taxa nos 80% financiados e, para refinanciar o resíduo, usassem taxa mais alta. Como na parcela isso provoca pouca diferença de valor, o consumidor acaba pagando juros maiores do que sabia – informa Zlotnik, acrescentando que as taxas de juros para leasing hoje, no mercado, estão, em média, em 7% ao mês.
Evitar crédito atrelado à moeda americana
Para verificar se o resíduo não será embutido no financiamento, as pessoas devem ficar atentas aos contratos, pois as empresas não podem fazer isso sem determinação prévia. Outro cuidado recomendado pelo advogado é que se evite o leasing com correção atrelada ao dólar. Na hora de fazer o financiamento, é recomendável ainda que se faça em uma instituição ligada a um grande banco. “Corporações propiciam maior margem de negociação se o consumidor tiver algum problema durante o pagamento das parcelas”, explica.
Para Nelson de Campos Junior, o mais importante a ser verificado na hora de fazer um leasing é se a taxa é pré ou pós-fixada e que tipo de correção terá. No momento por que o mercado passa, sobretudo depois do início da guerra no Iraque, não é aconselhável fazê-lo com juros pós-fixados e com correção com base no dólar. E, hoje, a maioria dos contratos está sendo feita assim.
– O consumidor também deve pesquisar as taxas cobradas em outras modalidades de financiamento, como o crédito pessoal. É fundamental ainda que o consumidor saiba exatamente de quanto será o resíduo para não ter uma surpresa ao final do contrato – explica Campos Junior.
Ele indica como única vantagem do leasing o maior prazo para pagamento em relação a outros modos de financiar um bem. No mercado, o prazo mais comum praticado no leasing é de 60 meses, enquanto que o empréstimo pessoal oferece apenas 24 meses.
Danielle Borges