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Atenção às finanças evita “quebradeiras”

O pequeno empresário tem armas para administrar com sucesso as finanças de seu negócio e, assim, driblar um dos principais responsáveis pelo fechamento das empresas.

As ferramentas são simples, mas devem ser seguidas com rigor, de acordo com especialistas. Entre elas estão a preparação de um plano de negócios (o “plano de vôo”), antes de iniciar as atividades do empreendimento.

É necessário, também, fazer as contas na ponta do lápis, anotando todas as receitas e despesas, para controlar adequadamente o caixa. Esses números são importantes também para o planejamento de novos investimentos.

Evitando a morte prematura

O empresário deve ainda manter, sempre, o caixa da empresa bem longe da conta pessoal, para evitar o endividamento nas duas pontas.

Com essas iniciativas simples, ele pode manter seu negócio saudável, evitando que “morra” prematuramente. Pesquisa do Sebrae mostra que quase dois terços dos pequenos negócios fecham suas portas antes de completarem cinco anos de atividade. Um dos principais motivos para a “mortalidade” são os problemas na administração financeira.

As empresas “não morrem por falta de lucro, mas quebram por problemas de caixa”, garante Topázio Silveira Neto, diretor da Softway, empresa de terceirização de serviços.

Os problemas de gestão financeira, na verdade, começam antes mesmo da abertura da empresa, acredita Claudia Bittencourt, diretora da Bittencourt Consultoria, especializada em empresas de pequeno porte.

“Os pequenos empresários iniciam um negócio muito mais por afinidade com um produto (ou serviço)” do que por vocação de empreendedor, afirma.

Sem plano, nada feito

Em sua experiência, ela detecta várias carências na parte administrativa: “Às vezes, o empresário abre um negócio de varejo e é um excelente vendedor, mas deixa a parte administrativa para um segundo plano”.

A falta de um “plano de negócios” é uma demonstração desse amadorismo inicial.O plano é ponto de partida para o empresário avaliar pontos importantes para a viabilidade da empreitada: a análise do mercado em que se pretende atuar, a identificação das “ameaças” ao negócio e as tendências do segmento.

É a partir desse plano que o empresário vai tentar prever em quanto tempo o negócio atinge o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas e quando dará o retorno esperado.

Além disso, é preciso trabalhar para que a empresa produza sobras de caixa. As sobras de caixa vão fornecer o capital de giro necessário ao dia-a-dia dos negócios.

Quando uma empresa está descapitalizada, corre o perigo de ficar insolvente e perde credibilidade entre clientes e fornecedores. “Uma empresa somente sobrevive no mercado se tem credibilidade”, atesta Silveira Neto. “Se ela tem essa credibilidade, pode se manter até a economia voltar a crescer.”

Olho no fluxo de caixa

A falta de planejamento sobre o fluxo de caixa é outro problema comum, na visão da consultora Claudia Bittencourt. Segundo ela, o empresário não se preocupa em controlar o movimento de entradas (receitas) e saídas (despesas) do próprio negócio.

“Até a hora que o fluxo de caixa é positivo, tudo bem, a situação se sustenta”, diz Claudia. O problema começa no momento em que o negócio cresce e são necessários novos investimentos e o caixa fica no vermelho. Fazer o fluxo de caixa é a base para a previsão orçamentária da empresa. Esse planejamento será “importante para direcionar recursos no montante certo e na hora certa”, ressalta Claudia. Dessa forma, o empresário pode evitar o “passo maior que a perna” na hora de alocar seus recursos para dar novo impulso ao empreendimento.

A especialista reafirma, no entanto, que nenhuma dessas iniciativas produz os resultados esperados quando há confusão entre pessoa física e empresa no gerenciamento das contas (tanto particular quanto do empreendimento).

“Quando não se separa o caixa particular do caixa do negócio”, diz a consultora Claudia Bittencourt, “o empreendedor descapitaliza a empresa e se vê obrigado a recorrer às linhas de crédito do sistema bancário.

Esse equívoco é, quase sempre, fatal porque diante dessa situação – principalmente em cenários como o atual, de restrição ao crédito – o empresário recorre às alternativas mais ágeis que, ao mesmo tempo, são as de taxas mais elevadas do mercado.

“Diante das dificuldades que aparecem, ele entra no cheque especial e na conta garantida (o ?cheque especial das empresas?) e as dívidas acabam virando uma bola de neve”, alerta.

Epaminondas Neto

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