ACE-Guarulhos

Associações veem com preocupação nova elevação da Selic

A taxa básica de juros, a Selic, deve ser elevada em 0,5 ponto percentual para 14,75% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que se reúnem nesta semana (terça-feira, 19, e quarta-feira, 20). Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

Para representantes do comércio, a atitude atrapalha ainda mais a já conturbada realidade econômica do País. O presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), Alencar Burti, vê com preocupação a possibilidade de aumento de juros. “Tal medida pode agravar a recessão e afetar duplamente as contas públicas, pela queda da arrecadação fiscal e pelo aumento dos encargos da dívida pública, sem ganho significativo – se é que haverá algum – sobre o combate à inflação. É um equívoco neste momento”, disse Burti.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos, William Paneque, concorda. “O varejo sofreu demais em 2015, com a retração do consumo. Com o aumento dos juros, a dificuldade se torna ainda maior. E o pior é que o Banco Central tenta conter a inflação com os aumentos da Selic, mas os últimos reajustes não surtiram tal efeito. Ou seja, todos perdem com esse aumento”, afirmou Paneque.

Para ele, no cenário atual já há uma tendência de queda da inflação. “Parece evidente que a alta dos juros causaria mais danos do que benefícios neste momento. Além disso, existem claras indicações de que a inflação deverá desacelerar nos próximos meses, à medida em que se dilui o impacto da correção das tarifas e do câmbio, embora ainda esteja acima do desejável”, explica.

A Facesp e a Associação Comercial de São Paulo (parceira da ACE-Guarulhos) defendem a manutenção da Selic. “O desemprego e a recessão já provocaram queda na confiança e no consumo das famílias, o que deverá produzir efeitos de combate e controle à inflação. Se é verdade que o Banco Central quer cumprir as metas de inflação, não é menos verdade que ele não pode ignorar os efeitos de sua atuação sobre a economia real e a sociedade, devendo pesar os custos e os benefícios de suas ações”.

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